Três professoras são investigadas pela Polícia Civil por suspeita de maus-tratos a crianças em um centro educacional particular de Barra Velha. O caso teria acontecido no primeiro semestre deste ano. De acordo com a a Polícia, três professoras, que seriam as responsáveis pelos atos, e a diretora da escola foram indiciadas.
Continua depois da publicidade
Conforme o delegado Eduardo Ferraz, algumas professoras abusavam por meio de coerção. O inquérito foi concluído por crime de maus-tratos, tratamento vexatório a crianças e coação do curso do processo.
— Elas tentavam ensinar algumas coisas às crianças e aquelas que tinham algum tipo de dificuldade recebiam castigos, com o objetivo de que aprendessem, mas castigos que passavam um pouco da medida — explica.
Conforme Ferraz, algumas crianças que não conseguiam realizar as atividades eram trancadas em quartos escuros e permaneciam isoladas das outras como forma de castigo. Além disso, crianças que tinham dificuldades com alimentação eram isoladas até que se alimentassem. Segundo o delegado, uma criança apresentou problemas decorrentes da alimentação forçada.
Além disso, as professoras também são investigadas por tratamento vexatório. De acordo com Ferraz, em razão de peculiaridades que algumas crianças apresentavam, o tratamento era mais degradante em relação a elas do que às demais.
Continua depois da publicidade
As denúncias chegaram à delegacia por meio do Conselho Tutelar. O inquérito foi instaurado, funcionárias e as suspeitas foram ouvidas e, agora, o caso foi encaminhado ao Ministério Público, que irá decidir pela denúncia, ainda sem prazo para acontecer.
Funcionárias e mães relataram crimes
Entre as reclamações das mães estão o isolamento forçado de crianças pequenas como castigo por não falarem, xingamentos porque a criança havia se sujado e até situações vexatórias. Uma funcionária, que não quis se identificar, está entre as testemunhas do crimes.
— Eu presenciei vários atos. Quando elas deixavam o nenê de 11 meses no berçário chorando. Deixavam criança de castigo. Humilhavam as crianças na frente das outras, chamando de burra ou falavam que a roupa da criança estava suja, que era uma porca, uma relaxada. Também teve o caso de uma criança que veio até mim porque tinha vomitado de medo da professora — detalha.
Defesa nega acusações
A advogada de defesa da escola, Emmanuelle Teixeira, negou as situações relatadas.
Continua depois da publicidade
— A escola nega a autoria dos fatos visto que não foi ainda ofertado a denúncia e se manifestará no momento oportuno — destaca.
Conforme a advogada de defesa das professoras, Carla Eloísa Ramos, os fatos não ocorreram e o caso deve ser esclarecido caso haja denúncia por parte do Ministério Público.
— Com relação à informação do quarto escuro, quem conhece as dependências da escola sabe que, inclusive, não existe esse quarto escuro que é mencionado. O quarto do berçário onde as crianças dormem tem uma certa claridade, mesmo quando a luz está apagada. A informação de que elas eram obrigadas a comer não procede e até nos surpreende. Do contrário, a própria professora orientava os pais quando eles mandavam comida além do que deveria – afirma.
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público e, se a denúncia for aceita, as quatro suspeitas poderão ir a julgamento. A reportagem tentou contato com a Comarca de Barra Velha, mas não obteve retorno até o fim desta quinta-feira.
Continua depois da publicidade