O mês de abril está sendo marcante para uma professora joinvilense: é quando Marlete Cardoso lança sua primeira obra solo, “Coração Guarani”, primeiro com sessão de autógrafos na Feira do Livro de Joinville e, agora, com evento na Casa da Cultural Fausto Rocha Júnior. O evento ocorre às 20h30, na recém-inaugurada Biblioteca Edith Wetzel, e é gratuito.
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Lançamentos não são exatamente uma novidade para Marlete. Ela já assinou seu nome em antologias da Associação das Letras e na coletânea Elas Contam, produzida com outras três escritoras. “Coração Guarani”, no entanto, tem um gostinho diferente. Além de ser o primeiro livro solo, é a estreia dela na literatura infantil, que a acompanha a vida inteira.
Marlete é formada em pedagogia, com especialização em interdisciplinaridade pela Univille. Conseguir estudar, no entanto, não foi tão fácil: o pai, conservador, acreditava que as mulheres não precisavam de diploma – saber ler, escrever e fazer contas era suficiente para casar e cuidar da casa. Por isso, ela precisou abandonar a escola na quarta série. Os livros que chegavam a ela também eram monitorados.
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– Eu rezava para encontrar um livro com uma história linda, mas só aparecia a Bíblia – recorda ela. – Acabei lendo duas vezes.
A educação alcançada já na juventude a levou para as salas de aula das séries iniciais e, entre 2009 e 2014, para a coordenação do setor infantil da Biblioteca Pública Rolf Colin. Foi a partir dessas experiências que ela percebeu a ausência de títulos que apresentassem a cultura indígena para as crianças. Um encontro com duas indiazinhas que vendiam artesanato nas calçadas de Joinville a inspirou para criar sua primeira obra infantil. Em Coração Guarani, a autora apresenta uma lenda indígena sobre a origem dos animais. Segundo ela, o Grande Espírito deu aos homens brancos e aos indígenas o que eles desejavam, mas coube a eles descobrir como usar esse presente. A obra conta ainda com ilustrações em aquarela, produzidas pela artista visual Maria Lúcia Rodrigues, que estarão expostas no lançamento do livro.
– Eu já havia visto o trabalho dela e sabia que era uma estudiosa das imagens. Por isso, ela foi a primeira opção e que bom que aceitou – conta Marlete.
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