Diferentes linguagens e ferramentas de comunicação são os recursos usados pela professora Neusa Regina Klein Palma para incentivar a leitura nas aulas de informática com os alunos da Escola Municipal Professora Maria Gusmão Britto, em São Leopoldo, no Vale do Sinos.

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O principal objetivo da professora, finalista do Prêmio RBS de Educação na categoria Escola Pública, é proporcionar aos alunos o chamado “letramento digital”. Mais do que ensinar a acessar a internet e trabalhar com programas de computador, o que Neusa quer é que os estudantes sejam capazes de localizar, filtrar e avaliar de forma crítica esse mundo de informações:

– É muito mais difícil fazer o filtro numa leitura digital do que numa biblioteca ou numa escola. Na internet, estão abertas milhares de possibilidades, e discernir o que é bom é muito mais difícil para eles.

::PARTICIPE DO JÚRI POPULAR::

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www.premiorbsdeeducacao.com.br

Neusa desenvolveu um projeto interdisciplinar que contou com o apoio de outros professores da escola para ser aplicado entre as 24 turmas do 4º ano à 8ª série.

Carta à moda antiga e um jogo de RPG

Alunos com idades entre nove e 11 anos fizeram autobiografias a partir da análise da obra O Menino Maluquinho, de Ziraldo, com direito a debate e sessão com pipoca para ver o filme.

Os alunos do 5º ano aprenderam sobre as lendas gauchescas em sites especializados e debateram, em fóruns virtuais criados por Neusa, temas relacionados à história do Rio Grande do Sul.

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O projeto alcançou o município de Rosário do Sul: Neusa entrou em contato com uma professora da cidade e propôs uma atividade interativa. Assim, os estudantes passaram a trocar informações sobre suas respectivas cidades – não só pela internet mas também pelo correio, em cartas.

Os estudantes mais velhos soltaram a imaginação e criaram livros-jogos em RPG, e tiveram a oportunidade de conversar com o escritor Athos Beuren, especialista em narrativas desse tipo. A ideia da atividade foi da professora de português Marinês Berwanger, colega de Neusa em São Leopoldo.

As atividades do projeto são relatadas no blog gusmaoliteratura.blogspot.com.br e no site da escola.

::Como construir a inclusão digital::

“Acredito muito no trabalho colaborativo. Esse é um programa interdisciplinar, e, sem o apoio dos demais professores, não existiria essa riqueza do projeto. A educação hoje não é mais fragmentada, nem linear. Eu me preocupo com a qualidade da escola pública, porque penso que, no momento em que tu deixas de trabalhar qualquer coisa importante para o aluno só porque é de escola pública, tu estás marginalizando o estudante. Deixar de oportunizar aquilo a que eles têm direito é uma exclusão.

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E não se pode deixar de oportunizar a inclusão digital. A informática educativa é importante porque nem todos têm acesso à internet em casa. E na escola pública, muitas vezes, encontram essa oportunidade. Inclusão digital não é só levar o aluno para dentro do laboratório. É fazer com que ele aprenda a pesquisar corretamente, use as ferramentas e as transforme em recurso de aprendizagem. É fazer com que aprenda a criticar, analisar. Essa aprendizagem deve ser construída, e não imposta. Isso se chama letramento digital.

O professor tem que acompanhar as tecnologias, não pode ficar estancado no tempo. No momento em que assumi a minha formação de educadora, eu assumi o compromisso de buscar formação continuada,e procuro sempre contagiar os professores e envolvê-los.”

::Modo de fazer::

– Envolva os professores de outras áreas para participarem de um projeto interdisciplinar.

– Crie atividades interativas de acordo com a faixa etária dos estudantes.

– Desenvolva um fórum virtual no qual os alunos possam comentar suas opiniões e debater sobre temas discutidos em sala de aula.

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– Convide profissionais de diferentes áreas para realizarem palestras na escola.

– Mantenha um blog atualizado das atividades e incentive os alunos a acessarem periodicamente e produzirem conteúdo.

– Utilize ferramentas online, como o dicionário gaudério e programas de edição de texto.

– Digitalize os trabalhos feitos pelos estudantes para que fiquem em exposição permanente no site da escola.

– Aproveite o potencial que a internet oferece de eliminar barreiras físicas e realize projetos que ultrapassem os muros da escola, em parceria com outras instituições.

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