Uma criança de sete anos, já alfabetizada, propôs-me a realização de uma prova. Sugeri que escrevesse uma historinha. Ela insistiu na prova. E comentou: “Na minha sala quando não tem prova, a gente até pode faltar à aula”. Tentei convencê-la de que todos os dias letivos eram importantes. O principal era aprender.

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Este fato me fez refletir: até que ponto, entre os objetivos da educação básica, os alunos são desafiados a pensar? Quando muitos concluem o Ensino Fundamental sem o domínio da leitura e da escrita, as provas como instrumento de avaliação, no contexto do ensino e da aprendizagem, estarão extrapolando sua função didático-pedagógica?

Por outro lado, sabe-se que em qualquer setor da vida, a competição acaba exigindo provas. E na educação, ao final de cada ano, as provas definem a avaliação. No entanto, provas nada provam se não forem contextualizadas. Vale lembrar o absurdo cometido por um professor do Ensino Superior que quando não conseguia atrair a atenção, aplicava provas.

Uma pesquisa sobre educação matemática em quatro escolas da rede pública estadual de Florianópolis, a qual embasou minha dissertação de mestrado em 1985 (PUC/SP), revelou que a maioria dos alunos participantes julgavam-se injustiçados porque as questões das provas divergiam do conteúdo em sala de aula. Enfim, na educação, na vida, nada contra provas desde que não signifiquem um rito de devolução de conteúdos. Muito menos instrumento de poder.

Provas individuais ou em pequenos grupos, bem planejadas e aplicadas, possibilitam crescer. E por que não prova de livro aberto? Estimulam a recuperação da aprendizagem e reforçam a possibilidade de “ensino-pesquisa”, como autêntica produção de conhecimento.

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