Todos os anos, a professora de Física Giovanna dos Santos de Souza pede que seus alunos entrevistem pessoas que testemunharam a passagem do Furacão Catarina. Moradora de Criciúma há 24 anos, ela busca manter viva a memória do fenômeno que marcou a vida da população sul-catarinense. 

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— Eu gosto de trabalhar com interdisciplinaridade, ou seja, trabalhar não só a Física por si só, mas com outras áreas do conhecimento como Geografia, História, Filosofia… Então eu passo um roteiro de estudos para os alunos, para que eles desenvolvam perguntas e entrevistem quem tenha a vivência do furacão. 

A atividade é proposta durante os estudos sobre trocas de calor, convecção e pressão atmosférica. Giovanna dá aulas na escola Joaquim Ramos.

— Eles trazem muitos relatos. Não são lembranças boas. Todas trazem um pouquinho de sofrimento, umas um pouco mais, outras um pouco menos.

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Leia todas as reportagens especiais sobre os 20 anos do Furacão Catarina

Madrugada no banheiro

O furacão marcou também a vida de Giovanna. Ela estava grávida e era mãe de um bebê de seis meses quando ficou sabendo que o Furacão Catarina iria se aproximar do bairro Pinheirinho, onde ela vivia com o então marido.

Na época, o casal viu os alertas meteorológicos e bolou um plano: se a tempestade apertasse, eles deveriam ficar dentro do banheiro. O companheiro de Giovanna havia pesquisado que o cômodo, por ter paredes menores, tinha mais chances de se manter em pé caso fosse atingido por um vento muito forte.

— Quando começou a ventania, o telhado batia muito porque era um telhado antigo de Brasilit (feito de fibrocimento), então fazia muito barulho. A gente se apavorou, com medo de que a casa fosse destelhar. 

A família passou a madrugada no banheiro. Giovanna recorda da sensação

— Foi uma noite bem preocupante. A gente não conseguia dormir direito, por conta de toda a situação.

O furacão passou e a casa de Giovanna resistiu. Hoje, a professora tem 41 anos e vê seus três filhos crescerem saudáveis — depois de Renan, que na época era bebê, e Kássia, que estava na barriga, ela teve mais uma filha, Luara, que está com 9 anos. 

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Fotos mostram Giovanna e a família

Reportagens especiais relembram Furacão Catarina

Na semana que marca os 20 anos da passagem do Furacão Catarina pelo Estado, uma série de reportagens especiais relembra como foi o evento único no país que afetou cidades do Sul catarinense em 2004, e trazem os aprendizados deixados pelo furacão, que mudou a vida de milhares de catarinenses. 

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