— Abracei a cidade, me tornei joinvilense de coração e quis valorizar essa cultura.

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Foi com esse sentimento, de uma professora vinda de fora e que estabeleceu carreira como educadora em Joinville, que Luciana Bossy Demetrio, de 31 anos, conta como teve a ideia de criar o projeto “Filhos Da Chuva: Conhecendo Nossa Cidade Pela Ótica De Juarez”, que rendeu a ela a vitória regional do Prêmio Professores do Brasil, na categoria creche. O trabalho foi desenvolvido no Cei Profª Alzelir Terezinha Gonçalves Pacheco, no Costa e Silva.

Além dela, a final nacional da 11ª edição do Prêmio Professores do Brasil tem presença ilustre de outra representante de Joinville: a professora da rede municipal de Ensino Jocelaine Silveira, com “O que tem no mato: Mistérios da natureza!”, do Cei Profª Juliana De Carvalho Vieira. Os dois trabalhos foram escolhidos pelo Ministério da Educação como destaques no Sul do País nas categorias Creche e Pré-Escola do concurso.

O anúncio foi feito em data simbólica, na segunda-feira (15), quando se comemorou o Dia dos Professores, com o intuito de reconhecer o trabalho dos professores de escolas públicas que contribuem para a melhoria nos processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos nas salas de aula. Como premiação as professoras de Joinville vão receber R$ 7 mil, troféu e viagem oferecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Agora, as práticas inspiradoras de Joinville se juntam a outras 28 iniciativas de todas as Regiões do Brasil, onde serão conhecidos os campeões nacionais desta edição em seis categorias na Educação Infantil, anos iniciais do Ensino Fundamental, anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. A premiação está prevista para ocorrer no dia 29 de novembro, no Rio de Janeiro, e os grandes vencedores de cada modalidade receberão prêmio adicional de R$ 5 mil e troféu.

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Conheça a professora Luciana e o projeto “Filhos Da Chuva”

Natural de Santa Terezinha, Luciana mudou para Joinville há dez anos e, trabalhando com Educação Infantil, notou que assim como ela muitos dos seus alunos vieram de outras cidades, regiões e até países, como o Haiti. Esse foi o cenário ideal para que ela, junto da professora Elisete Nunes, apresentasse aos alunos um pouco mais dos símbolos que compõem a cultura do município, no intuito de aproximá-los da nova morada.

— Resolvi fazer um processo inverso porque geralmente a gente costuma estudar as culturas que vem de fora e, muitas vezes, acabamos agregando outras realidades e esquecendo das nossas. Com esse projeto eu quis valorizar a nossa cultura, fazendo com que essas crianças e famílias se sentissem pertencentes a essa cidade que elas escolheram para viver — explica.

Cerca de 15 alunos, entre três e quatro anos, que compõem o maternal 2 do Cei, desenvolveram as experiências propostas ao longo do ano pela professora tendo as referências da cidade como pano de fundo para ganhar conhecimento. A partir das obras do artista plástico joinvilense Juarez Machado, os alunos reconheceram cantinhos e jeitos próprios da cidade em meio as pinturas e realizaram atividades como montagem de painel e representações estéticas envolvendo, arte, história e a cidade.

Uma delas chamou mais a atenção e fez com que o dia a dia na unidade escolar fosse transformado por meio do projeto. O quadro ‘Filha da Chuva’, que traz uma mulher de vestido florido andando de bicicleta com um guarda-chuva pelas ruas de Joinville, foi o que mais impressionou os estudantes. Ali estava a representação da Cidade das Flores, Cidade das Bicicletas e de seu clima. A partir dele, o Cei ganhou novas cores, itens decorativos e espaços alusivos à cidade e tornou-se o fio condutor dos trabalhos infantis feitos ao longo do primeiro semestre.

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— Não imaginava que o projeto viesse a ter tanto valor, mas foi um presente e trouxe bastante resultado, pela valorização e o fato deles passarem a se sentir pertencentes a cidade e a cultura de Joinville. A questão de cuidado com o espaço, de estética, da arte e a sensibilidade e o respeito com os colegas e com as outras culturas são o principal ganho — considera.