Um estudo conduzido pelo grupo  World Weather Attribution (WWA), do qual faz parte a professora de Oceanografia Física e Clima da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Regina Rodrigues, aponta as mudanças climáticas como causa da seca que atingiu a região amazônica em 2023. Segundo a pesquisa, o fenômeno do El Niño, que geralmente traz condições secas para a região, teve uma influência muito menor naquele ano.

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A pesquisa foi conduzida por 18 membros do grupo World Weather Attribution, incluindo cientistas de universidades e agências meteorológicas no Brasil, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos. Segundo o estudo, as mudanças climáticas estão reduzindo a precipitação e aumentando o calor na Amazônia, o que foi responsável por tornar a estiagem sem precedentes de 2023 cerca de 30 vezes mais provável do que ocorreria apenas pela ação do El Niño.

— À medida que o clima se aquece, uma potente combinação de diminuição da precipitação e aumento do calor está impulsionando a seca na Amazônia — explica Regina.

Além disso, o não uso da terra está levando a floresta em direção a um estado mais seco, o que causa uma grande morte de árvores e libera grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera, aquecendo ainda mais o planeta.

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Uma análise de dados meteorológicos históricos constatou que a atual seca na Amazônia é um evento fora do padrão. No clima atual, com 1,2°C de aquecimento global, podem ser esperadas secas semelhantes, aproximadamente a cada 100 anos. Porém, os dados históricos também indicam que a precipitação de junho a novembro na Amazônia está diminuindo à medida que o clima se aquece.

— Se protegermos a floresta, ela continuará a agir como o maior sumidouro de carbono terrestre do mundo. Mas se permitirmos que as emissões induzidas pelo ser humano e o desmatamento a levem ao ponto de ruptura, ela liberará grandes quantidades de dióxido de carbono, complicando ainda mais nossa luta contra as mudanças climáticas. Para proteger a saúde da Amazônia, precisamos preservar a floresta tropical e nos afastar dos combustíveis fósseis o mais rápido possível — diz a especialista.

Seca na Amazônia

Desde meados de 2023, a Bacia Amazônica tem enfrentado uma intensa seca, impulsionada pela baixa precipitação e pelo calor persistente. Em algumas regiões os rios atingiram seus níveis mais baixos em mais de 120 anos, impactando milhões de pessoas.

As comunidades ribeirinhas foram as mais afetadas, com a seca resultando em problemas de saúde, perda de renda, escassez de alimentos e água potável e falhas nas colheitas.

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*Sob supervisão de Andréa da Luz

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