Alice vivia no país das maravilhas e levava consigo um sonho: ser professora. O melhor presente de Natal que se lembra até hoje: uma lousa. No porão da antiga casa, as paredes ainda desvelam coloridos traços a giz. Alice cresceu e fez daquele sonho a sua realidade.

Continua depois da publicidade

Diploma na mão, enquanto esperava pelo concurso público, Alice trabalhava como professora substituta. O professor de História faltou, o de Matemática estava de licença e a professora de Português levou o filho ao médico: chamem Alice para distrair os alunos. E Alice sempre ia. De boa vontade, preparava tudo direitinho e tentava ensinar. Às vezes, desviava o olhar daquilo que não queria ver: indisciplina, autoridade dilacerada, muita tensão e nenhum recurso.

Alice não desistiu, mas descobriu que a educação da realidade era bem diferente daquele sonho maravilhoso que nutria: salário curto, greves, salas cheias, carga horária absurda e tudo o que Alice queria era se refugiar a cada 45 minutos na sala dos professores para a terapia de grupo. Depois de um tempo, ela conseguiu entrar em um colégio particular. Achou que seria diferente, mas não foi. O lema de lá também era “todos devem passar ou cabeças vão rolar”. Sem falar nas pilhas de provas para corrigir que, na verdade, não provavam coisa nenhuma. E a vida de professora foi continuando.

Décadas mais tarde, a menina interessada em suas aulas de ciências, repletas de histórias curiosas sobre animais, é hoje uma veterinária brilhante. Médicos, engenheiros e psicólogos, no auge de suas carreiras – seus antigos alunos -, recordam da professora cujo ensinamento aliava conhecimento, paixão e arte. Outros profissionais, em suas palestras, não se esquecem da professora Alice: “Para ser um líder, é preciso, primeiro, cumprir as regras!”

Alice agora entende: não basta ser bom, tem que gostar. Porque, no final, cada esforço terá valido a pena.

Continua depois da publicidade