Quando, há cem anos, a I Guerra Mundial ganhava as páginas de jornal, o campo da comunicação já conhecia as tecnologias que mudariam profundamente as relações de produção. Até o surgimento do rádio, alguns anos depois da guerra, não era possível contar histórias no tempo presente dos acontecimentos, ainda que as ferramentas estivessem disponíveis. Numa estrutura social organizada para a produção em série e o consumo em massa, um modelo de negócios apoiado por investimentos em aparatos cada vez mais complexos e financiado pelo capital privado com apoio do Estado desenvolveu-se para sustentar produtos de comunicação agora consagrados.

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Acontece que a internet, como o rádio nos anos 20, tem no uso social e na exploração de canais de mercado perspectivas de consolidar experiências distintas ao modelo que ainda vigora. Isso porque o rádio e todos os aparatos tecnológicos desenvolvidos a partir dele, até o uso social da internet, pertencem a um contexto sociocultural já transformado pela própria dinâmica do campo da comunicação, responsável por boa parte da produção de riquezas no âmbito econômico e pela articulação de estratégias no âmbito político. Ao evocar dimensões históricas sobre processos e práticas, o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação tem o mérito de promover reflexões sobre referências simbólicas que municiam o debate nos diversos setores da sociedade midiatizada.

A edição regional do congresso, o Intercom Sul 2014, ocorre na Universidade do Sul de SC (Unisul), na Pedra Branca, em Palhoça, de 8 a 10 de maio. O tema “Comunicação: Guerra e Paz” vai sintetizar os estudos sistematizados a respeito do campo. Mas deve desvelar também horizontes para um campo de lutas, em que as forças precisam ser explicitadas para que se reconheçam.