O professor de Joinville que apoiou o ataque a creche de Blumenau afirmou à Polícia Civil que “foi mal interpretado” e que “as falas foram tiradas de contexto pelos alunos”. Os argumentos foram ditos nos inquéritos policiais do caso, finalizado na última sexta-feira (5), um mês após o ataque. O caso foi publicado com exclusividade pelo AN no início de abril.

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Conforme o delegado Vinícius Ferreira, responsável pelo caso, o professor segue afastado e proibido de se aproximar por mais de 50 metros de escolas. Além disso, o Termo Circunstanciado (TC) da Polícia Civil seguirá apontando o caso como apologia ao crime para o Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC)

Porém, no mesmo documento, a polícia destaca elementos e provas para outros crime: induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação de vítima menor de idade. Agora, cabe ao MP-SC acatar o inquérito e denunciá-lo ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC).

A Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) ainda investiga, em outro inquérito policial, a suspeita do professor ter praticado crimes de ódio, preconceito, racismo, xenofobia e intolerância religiosa.

Relembre o caso

Pais e alunos da escola estadual Georg Keller, em Joinville, denunciaram um professor após ele fazer comentários agressivos sobre a morte das crianças em ataque a creche de Blumenau. Em um vídeo gravado por estudantes, é possível ouvi-lo dizer que “mataria uns 15, 20. Entrar com dois facões, um em cada mão e ‘pá’. Passar correndo e acertando”. 

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Além deste episódio, alunos afirmam que o professor faz, frequentemente, comentários preconceituosos e de ódio, incluindo casos de racismo, homofobia, misoginia e apologia ao suicídio. Em um dos casos, a garota conta que uma das estudantes disse estar triste durante a aula, e o professor teria sugerido que a menina se suicidasse para “poupar oxigênio no mundo”. 

— Ele diz que mulher não deve ter os mesmos direitos dos homens. Ele xinga nas aulas. Ninguém gosta das aulas dele, todos ficam desanimados. O que ele ensina é errado — ressalta. 

Professor está afastado da escola

O professor de Joinville que apoiou o ataque a creche de Blumenau foi afastado dos trabalhos pela Secretaria de Estado da Educação (SED) em 10 de abril. Além disso, um processo foi instaurado para apurar a conduta do profissional. 

Desde então, o professor de Joinville é monitorado por tornozeleira eletrônica e está proibido de se aproximar mais de 50 metros de qualquer escola, seja ela pública ou privada.

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Ataque na creche de Blumenau

O crime ocorreu em 5 de abril, no Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor, localizado na Rua dos Caçadores, bairro Velha, em Blumenau. Um homem de 25 anos invadiu a creche e matou quatro crianças.

O assassino teria chegado em uma moto, pulado o muro e atacado com uma machadinha as crianças que estavam em um parque nos fundos da unidade. Ele foi preso na sequência ao se entregar no Batalhão da Polícia Militar.

As crianças assassinadas durante o ataque a creche em Blumenau foram identificadas como Bernardo Cunha Machado, de 5 anos, Bernardo Pabst da Cunha, 4, Larissa Maia Roldo, 7 e Enzo Marchesin Barbosa, 4.

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