Ao longo do século 20 observamos inúmeros acontecimentos que elevaram a mulher a condição de destaque no mercado de trabalho, no campo político, no esporte etc. Podemos citar fatos marcantes para a ascensão da mulher como a revolta do sutiã, a institucionalização da delegacia da mulher, o Dia Internacional da Mulher, a Lei Maria da Penha, figuras como Leila Diniz, Simone de Beauvoir e mulheres que bravamente administram seus lares e trabalho, sendo mães e pais, trazendo igualdade entre os gêneros. Certo? Errado.

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Em setembro foi divulgado um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo os dados, de 2001 a 2011 ocorreram 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada hora e meia. Segundo a pesquisa, a Lei Maria da Penha, mecanismo que deveria ser eficiente, não teve impacto algum. Outro fato importante: não foram incluídos no estudo dados referentes a qualquer ato de violência baseado na diferença de gênero, que resulte em sofrimento e danos físicos, sexuais e psicológicos da mulher. Onde estariam as causas dessas práticas arcaicas? Em uma sociedade que não se despiu de valores patriarcais, que cria letras e dá ouvidos ao Rap das Vadias: “Vou quebrar a cara dessa vadia, vadia, vadia…Essa mina já fico com metade da vila..vadia, vadia, vadia…”

Há uma negligência em relação a esse tema que aflinge tantos lares. Meu olhar direciona primeiramente a escolas, onde há necessidade de projetos pedagógicos. A mídia não elabora campanhas para combater as estatísticas. Os valores individualistas e egoístas perpassam as relações humanas, tornando as pessoas objetos consumíveis, descartáveis, propriedades passíveis de qualquer banalidade.