A continuidade do julgamento da Ação Penal 470 (Mensalão) movimentou uma parcela considerável da sociedade que, dividida de forma maniqueísta, cerrou fileiras de forma apaixonada pelo resultado do voto do Ministro Celso de Mello.

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Ao colocar este processo em uma perspectiva dicotômica e simplista, tanto a mídia quanto a população digladiaram-se em campos opostos e, como sempre nestes casos, corre-se o risco de se desperdiçar um momento ímpar em uma vala rasa de paixões que escondem seus reais significados.

Pois este momento de inflexão política e judicial pode ser, tanto literal como simbolicamente, saneador e pedagógico na sociedade em geral e na classe política em particular.

Vejamos: o Mensalão tem como base o governo Lula e seus sequazes, que tomaram de assalto o erário e por meio de distintos métodos de maquiagens e veredas contábeis utilizaram-se dos recursos para satisfazer problemas próprios, de seu partido, de aliados e/ou de outro. Independente dos reais motivos admite-se que as implicações jurídicas de um crime de caixa dois ou de um crime de formação de quadrilha podem ser distintas, mas ambos são ilícitos que merecem o rigor da lei.

Neste espectro, contesto o embate entre uma suposta esquerda e direita ideológica – que a bem da verdade não mais existem – colocando os incautos a se posicionar contra ou a favor, pelo bem ou pelo mal! Ora, este processo deve ser o primeiro de muitos, pois muitos “mensalões”, “mensalinhos”, “mesadões” abundam, indistintamente de ideologia, posição social, oposição ou situação.

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A corrupção é uma, se não a maior, causa da inépcia de desenvolvimento que o país sofre, e combatê-la de forma firme e contínua – livrando o país de suas garras – é a melhor e única maneira de erradicá-la.