“As notícias das corriqueiras barbáries no sistema prisional brasileiro, escancaradas pelas recentes divulgações dos vídeos de decapitação de presos no Maranhão, desnudam ainda mais um país onde os poderes públicos há tempos também já estão sem cabeça. Como é possível conceber que nosso sistema prisional permaneça tão bruto, segregador e aterrorizante? Gastamos bilhões para a Copa e as Olimpíadas e toleramos de forma cúmplice a existência de “lixões humanos” em que se transformaram nossas prisões.
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Em Santa Catarina, propagandeada como modelo de civilização, a realidade não é mais alentadora que o arcaico Estado da família Sarney, como demonstraram os atentados de novembro de 2012 e janeiro e fevereiro de 2013. Atos de terror que atingiram a sociedade catarinense e que foram capitaneados por facções criminosas abrigadas no sistema prisional tendo como um de seus objetivos denunciar a necessidade de melhoria do ambiente carcerário. Passado alguns meses, é noticiado que Judiciário, Legislativo, Ministério Público e Tribunal de Contas brindaram os servidores com uma escandalosa “distribuição de lucros” da sobra dos orçamentos que poderiam minorar o caótico cenário que ainda assombra o sistema prisional, a saúde e o saneamento em SC.
Poderes que “deram as costas” ao governador catarinense que, no primeiro ano de gestão, sugeriu que os poderes direcionassem 1% dos orçamentos para obras sociais, dentre as quais poderiam estar os “centros de internação de adolescentes infratores”. Vê-se o porquê de não terem aderido à proposta e a evidente dissociação entre discurso e prática. Para os mesmos, sempre tudo. Para a sociedade, cegueira coletiva que, para nosso desalento e desespero, é o triste retrato dos nossos poderes.”