Em 2011, Oscar Nakasato, então professor de literatura do ensino médio em Apucarana, no Paraná, tirou o romance Nihonjin da gaveta e o inscreveu no 1.º Prêmio Benvirá. Era seu primeiro original. Ganhou, levou R$ 30 mil e teve a obra editada pela Benvirá, da Saraiva. Nesta quinta-feira, Nihonjin foi considerado pelo Prêmio Jabuti como o melhor romance publicado no Brasil no ano passado, desbancando obras como Infâmia, de Ana Maria Machado, e O Passeador, de Luciana Hidalgo.
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A nota de um dos três jurados – seu nome só será divulgado depois da cerimônia, em 28 de novembro – foi responsável pela definição do vencedor. Autora de mais de uma centena de livros e presidente da Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado, por exemplo, recebeu zero em dois critérios: construção de personagem e enredo.
Outros concorrentes também tiveram notas baixíssimas, como Julián Fuks, que foi finalista do São Paulo de Literatura e está no páreo pelo Portugal Telecom. Ou Wilson Bueno, prêmio APCA de romance em 2011 por Mano, A Noite Está Velha, que perdeu o Jabuti.
– Dar um zero a uma autora já consagrada é pesado e exagerado, mas é um direito do jurado. As regras deste ano abriram margem para que uma nota tivesse peso decisivo e o jurado percebeu a influência da matemática – disse José Luiz Goldfarb, curador do tradicional prêmio, que está em sua 54.ª edição.
Este ano, os membros do júri puderam dar de 0 a 10 às obras concorrentes. Antes, a pontuação ia de 8 a 10 e era possível usar notas decimais, o que tornava a disputa mais equilibrada. Para a próxima edição, Goldfarb já pensa em mudanças – deve eliminar a nota mais baixa e incluir uma quarta pessoa na comissão formada, no caso da categoria romance, por jornalistas e críticos literários.
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– Agora, não há o que fazer porque o regulamento é claro e seu voto deve ser respeitado.
Segundo o curador, o tal jurado já participou de outras comissões do prêmio.
Na conturbada apuração, Naqueles Morros, Depois da Chuva, de Edival Lourenço, ficou em segundo lugar e O Estranho No Corredor, de Chico Lopes, em terceiro. Nakasato, assim como os vencedores das outras 28 categorias, ganha a estatueta do Jabuti, R$ 3,5 mil e chance de concorrer ao prêmio melhor livro do ano, no valor de R$ 30 mil, a ser anunciado na cerimônia. Os segundos e terceiros colocados levam apenas a estatueta.
Ele, porém, não foi a única surpresa da lista, divulgada pela organização. Na categoria conto, Sidney Costa e seu O Destino das Metáforas venceu Dalton Trevisan, considerado um dos melhores contistas do país e que concorria com O Anão e A Ninfeta. Na terceira posição, Sérgio Sant’Anna, com O Livro de Praga.
Maria Lúcia Dal Farra venceu na categoria poesia com Alumbramentos. Na sequência, Vesúvio, de Zulmira Ribeiro Tavares e Roça Barroca, de Josely Vianna Baptista.
O Jabuti premia cada uma das etapas da produção de um livro – seja ele de ficção ou técnico, paradidático ou de turismo. José Eduardo de Faria, editorialista do Estado, ficou em segundo lugar na categoria direito. Ele é autor de O Estado e o Direito Depois da crise.
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