Dedinhos apontam para cima, em pedido de permissão para compartilhar a ideia com o resto da classe. Com o consentimento do professor, pré-adolescentes buscam palavras para explicar como criariam um projeto de lei que, de alguma forma, pudesse contribuir para melhorar o País.
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É apenas a primeira aula de um projeto que resultará, em outubro, na ida de 41 estudantes joinvilenses para a Câmara dos Deputados, em Brasília, onde viverão a experiência de tornarem-se membros do Legislativo durante dois dias.
À frente deles, o professor Felipe Lovemberger questiona as ideias sem corrigir. Afinal, não é uma aula comum — esta, no caso, ocorre no Plenarinho da Câmara de Vereadores —, não haverá notas nem provas, e, quando ela chega ao fim, há um murmúrio de aborrecimento: ninguém quer ir embora.
— Se deixar, eles passariam horas ali discutindo — comenta o professor.
É o quarto ano que Felipe, que dá aulas de geografia para o Ensino Fundamental, assume a responsabilidade de preparar adolescentes de 12 a 14 anos para o Câmara Mirim, programa que reúne estudantes das redes pública e privada de todo o País para participarem de uma simulação de reunião de comissão e de uma sessão deliberativa da Câmara dos Deputados.
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Naquele período, eles fazem o papel dos políticos, com direito a utilizar as mesmas salas e o plenário para debater e votar três projetos de lei. Em 2014 e 2017, a Câmara promoveu seleção para escolher os grupos que participariam do programa, e Felipe teve seu projeto contemplado nas duas vezes — em ambas, o único professor da região Sul a ser selecionado.
Em 2015 e 2016, com a baixa adesão das escolas, foi necessário apenas fazer a inscrição. É um esforço que demanda encontros frequentes no contraturno durante todo o ano para prepará-los para aqueles dois dias, com trabalho de conscientização sobre o trabalho parlamentar, mas que vale cada momento.
— Eu era um adolescente com muito interesse em política, participava de grêmios estudantis, mas não tive a mesma oportunidade quando era aluno — conta ele.
— Me dedico a este projeto para torná-los mais politizados, nem tanto pela participação política na prática, mas na cobrança, na fiscalização. Segundo Felipe, os adolescentes que participaram do programa nos outros anos — em 2014, do Colégio Global, de São Bento do Sul, e, desde 2015, do Colégio Machado de Assis, de Joinville — terminam o ano acompanhando mais as notícias de política, já que conseguem compreender o que está acontecendo no País, depois de, eles mesmos, terem se posicionado como deputados.
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Além disso, desenvolvem a escrita, a oralidade e o respeito pelas opiniões contrárias.
Conheça outra forma de participar
As inscrições para o programa Parlamento Jovem Brasileiro (PJB) ainda estão abertas. Na atividade, estudantes de ensino médio vivenciam o trabalho de um deputado federal. Para participar, é necessário ser aluno do ensino médio ou técnico de escolas públicas e particulares de todo o Brasil, com idade entre 16 e 22 anos, e elaborar um projeto de lei que proponha mudanças para melhorar a realidade do País.
O tema é livre, mas deve ter impacto nacional. A proposta deve ser enviada juntamente com a ficha de inscrição e com toda a documentação necessária à Secretaria de Educação do Estado do estudante, na forma prevista no Manual de Procedimentos do PJB 2017, até o dia 9 de junho.
O evento será realizado de 25 a 29 de setembro de 2017, na Câmara dos Deputados. Para mais informações, entre no site do PJB ou na página do programa no Facebook.