Quarenta anos de universidade são suficientes para que Afonso Imhof, 68 anos, tenha perdido as contas de quantos alunos já conheceram parte do passado a partir dos seus relatos. Se depender do professor de história, muitos outros ainda vão encorpar a larga lista que inicia-se pouco após a inclusão do curso na Univille, em 1968.

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O brusquense que trocou a cidade natal por Joinville em busca de qualificação profissional foi aluno da primeira turma de história da Univille. Mesmo antes de formado, já contribuía com a pesquisa que mais tarde tornaria a cidade reconhecida pelo acervo e estudo de sambaquis. Ele foi voluntário do historiador veterano Walter Piazza nas primeiras escavações realizadas na região. O contato com a arqueologia rendeu ao recém-formado o convite para ser o primeiro diretor do Museu de Sambaqui de Joinville, unidade da Fundação Cultural criada em 1972.

Na área de patrimônio material, Afonso deixou marcas ainda mais significativas para a cidade. Foi ele o responsável pela elaboração da lei nº 1.773, de 1980, que ditou os primeiros caminhos para a preservação de imóveis históricos. A legislação garantiu a proteção de uma lista de mais de mil espaços em uma época de grande risco para estes imóveis, com o crescimento da população e, por consequência, das especulações imobiliárias.

– Se a legislação tivesse sido criada antes, muitos prédios ainda poderiam estar em pé – acredita Afonso, ao lembrar de construções extintas na rua do Príncipe.

Mesmo mais dedicado à universidade, Afonso continua integrando a Comissão do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Natural de Joinville (Comphan), responsável por decretar os tombamentos de patrimônios municipais, e fez parte de todas as proteções definitivas dos últimos dez anos.

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– É gratificante saber que temos conseguido integrar o moderno com o passado, a exemplo da fábrica de Wetzel, no Centro da cidade, que hoje tem outro destino sem ter perdido sua memória – cita o professor, que sonha participar de um projeto voltado para a educação patrimonial na infância.

Imhof também foi um dos primeiros organizadores da Feira de Arte e Artesanato na rua do Príncipe, entre 1983 e 1986, época em que o evento chegava a reunir 20 mil visitantes. Por sua contribuição à universidade e às atividades na cidade, ele foi homenageado pelos alunos e ex-alunos em uma cerimônia na quinta-feira, no auditório da Univille.