Um carro sai de Blumenau às 10h e chega em Navegantes às 12h. Tendo em vista que o percurso é de 54 quilômetros, qual foi a velocidade média, em metros por segundo, desse veículo no deslocamento? Ensinar essa equação em sala de aula seria cômodo com giz e um quadro. Bastava falar algumas palavras, colocar uma fórmula no quadro e esperar que os alunos resolvessem a equação.

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Quem conseguisse, ótimo. Já os que não tivessem êxito, caminhariam para a recuperação. Entre cinemáticas, termostáticas, dilatações, óptica e eletrodinâmica, um professor de Física teve uma ideia diferente em Timbó: em vez do método tradicional de ensino, por que não levar os estudantes para fora da classe?

Foi isso que motivou Fábio Gomes Miranda a largar o setor de faturamento de uma empresa do ramo hospitalar para começar a lecionar. E com apenas cinco anos de sala de aula, iniciou um projeto chamado Conhecendo a Física através da diversão. A ideia era levar os estudantes a campo, fazer experimentos com foguetes, por exemplo, e a partir disso calcular situações específicas.

Essa proposta não apenas fez com que os alunos prestassem mais atenção nos estudos, como fez despencar os índices de reprovação na matéria na EEB Júlio Scheidemantel, no bairro Quintino, em Timbó. Em 2016, a média de alunos que rodavam em Física era de 20%. Esse percentual caiu para 12% em 2017 e, neste ano, chegou à marca de 8%. O número é muito comemorado pelo professor, que vê no método uma forma de quebrar o jeito maçante de ensino.

– Percebo que isso faz com que os alunos se animem e façam pesquisa com base no que aprenderam nessas aulas diferentes durante o ano. E melhor: eles deixam de ter aversão à matéria e aprendem coisas importantes de física brincando – argumenta Fábio.

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Alunos veem metodologia como forma alternativa

Os próprios alunos também veem o jeito diferentão do professor como uma forma de aprender de uma forma alternativa. Marlon Pfuetzenreiter, aluno da EEB Júlio Scheidemantel, de Timbó, e Luiz Felipe Feldhaus, da EEB Osvaldo Cruz, de Rodeio, contam que até o olhar sobre a disciplina melhorou.

– O projeto mudou minha visão da disciplina, pois vi que a Física pode ser usada para a diversão e não apenas em sala de aula, naquele modo robô, de aprender e depois fazer prova – conta o aluno Marlon, que participou do projeto com o professor em 2017.

– O projeto nos permitiu fazer os cálculos com exemplos e valores reais. A compreensão da disciplina e do porquê de utilizarmos esses cálculos se tornou mais fácil, além de nos divertirmos e entendermos como as coisas realmente funcionam – completa Luiz.

Na avaliação da supervisora de Gestão Escolar da unidade de Timbó, Jackeline Maria Beber Possamai, a proposta curricular do Estado vai na linha desenvolvida por Fábio. A diretriz é que o aluno aprenda na interação, e não em um método em que o professor é o único detentor do conhecimento. Dar ao aluno jeito de ensinar em que há diálogo, ideias, leituras e o fomento da conversa entre professor e estudante é essencial, na avaliação de Jackeline.

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– Se for para o aluno só copiar coisas do livro didático, ele não vai conseguir criar competências. Ele tem que participar, fazer para aprender. O estudante não aprende reproduzindo, isso não é aprendizagem. Ele aprende quando descobre, quando indaga, e é isso que a gente propõe, com interação, propostas e debates – defende Jackeline.