Pedro Wilson Bertelli vai viajar. Esta é a paixão do biólogo e professor aposentado da Furb. Aos 61 anos, ele já fez outras quatro aventuras de bicicleta entre 2004 e 2010. Sempre cruzando o Brasil do Norte para o Sul, saindo de Natal (RN), Delta do Parnaíba (MA), Belém (PA) e Brasileia (AC) e retornando para Blumenau. Nos últimos anos ele se dedicou ao trabalho na universidade e à piscicultura, o que fez com que as pedaladas ficaram restritas às cidades próximas do Vale.

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Nesta sexta-feira Bertelli e a bicicleta vão matar a saudade da estrada. Às 8h ele sai do ponto de partida, a Furb, segunda casa do professor, e segue pelo Alto Vale e pela Serra em direção ao Chuí (RS), o ponto mais ao Sul do Brasil. De lá, inicia uma jornada até o Oiapoque (AP), o extremo norte do país. Serão 16 mil quilômetros, quase quatro vezes mais que as outras expedições feitas por ele.

Bertelli vai a bordo de uma bicicleta aro 26 relativamente simples, equipada com caixas térmicas, câmara reserva, bomba de ar e ferramentas sobre os bagageiros. Um aparato que lhe dá alguma estrutura para se virar no trajeto, mas que pesa até 45 quilos sobre a bike.

Bertelli não tem filhos, se despediu das afilhadas, vendeu o carro para um amigo de universidade, entregou o apartamento e vai dedicar os próximos meses à aventura. Tem a ajuda de amigos da universidade para divulgar as fotos e o diário da aventura e até para planejar os gastos. O custo é estimado entre R$ 250 e R$ 300 por dia. Tudo pago pela “Fundação Bertelli”, como ele diz, ironizando o fato de custear a viagem com as economias que juntou nos últimos três anos. A maior parte do gasto se deve à estadia para descanso durante as noites.

– O melhor lugar para acampar é no hotel, com ar-condicionado, chuveiro quente – brinca Bertelli.

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Ritmo certo para aproveitar cada momento da viagem

A viagem desta vez será diferente. Se antes o professor aproveitava as férias de verão, agora, sem o compromisso das aulas, ele pretende ficar de oito a nove meses na estrada. Nesses primeiros dias, de Carnaval, ele vai devagar, como um jogador que retoma o ritmo de jogo, e deve fazer apenas 50 quilômetros por dia. A partir daí, a média deve subir para 80. Tudo para aproveitar ao máximo as paisagens do caminho, conversar com pessoas, visitar parques e museus, fotografar os animais encontrados pelo caminho, como já fez com lobo-guará e tamanduá-bandeira. Vai rever dramas da região Norte do país que nas outras viagens ficaram marcadas na memória, conhecer pessoas e reviver histórias bonitas de solidariedade. Fazer tudo que o estimulou a voltar a pôr o pé na estrada.

Não cabe todo mundo na carona da bike de Bertelli, mas é possível acompanhar a jornada do professor – e matar um pouco da vontade de quem gostaria de fazer o mesmo – a partir desta sexta-feira nas redes sociais. As páginas e perfis no Facebook, Twitter e Instagram têm o nome do projeto, Bike Norte Sul.