A fantasia de uma festa junina em uma academia de Blumenau gerou críticas nas redes sociais e discussões sobre racismo nesta segunda-feira (26). Um dos professores foi trajado com vestido e usou blackface ao pintar rosto e mãos de preto. Poucas horas depois das fotos serem divulgadas na internet, o estabelecimento pediu desculpas.

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O caso aconteceu durante a festa junina promovida pela Bio Gym, no bairro Velha. Além da música e comida típica, trabalhadores foram trajados de caipira. Um dos instrutores, porém, escolheu utilizar o blackface. Além da pintura no rosto e nas mãos, o homem usou roupas pretas para simular a cor da pele negra.

Com a divulgação das fotos na internet, as críticas sobre a atitude ganharam repercussão: “Blackface não é entretenimento”, escreveu uma mulher. “Inaceitável blackface em pleno 2023. Espero que estudem, entendam por que isso é ofensivo e repassem aos professores e alunos, é o mínimo”, digitou outra.

O que é blackface?

A palavra se refere à prática de cobrir o rosto de preto, para fazer referência a uma pessoa negra. A origem remonta à história americana do início do século 19, período em que o regime de escravidão ainda era legal. A prática, em si, consistia na ridicularização de pessoas negras para o entretenimento de brancos.

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Durante espetáculos humorísticos, atores de pele branca pintavam o rosto de preto e representavam os negros em situações vexatórias, reproduzindo formas caricatas de falar e agir. À época, os negros nem mesmo podiam frequentar ou participar de espetáculos teatrais.

Por que é errado?

Justamente pela origem da “brincadeira” ser pautada no racismo. Com o passar do tempo, o movimento negro e demais entidades ligadas aos direitos humanos consolidaram o entendimento de que o blackface é uma prática racista.

“Muitas dessas representações são carregadas de significado por remontarem ao período em que o negro era impedido de ocupar seu espaço nas artes. Além disso, existe o emprego de abordagens que colocam o negro como um ser inferior. O colocam como malandros e preguiçosos, como pessoas que não sabem empregar a norma culta da língua que falam”, destacou em uma entrevista à CNN a pesquisadora, advogada e doutoranda em direito político Waleska Miguel Batista.

“Então, usar blackface evidenciando esses aspectos para a inferiorização de um grupo com fundamento na raça é reconhecido cientificamente como uma prática racista”, completou.

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Academia pediu desculpas

No começo desta tarde, horas depois do ocorrido, a academia apagou as fotos postadas e divulgou uma nota. Nela, assumiu o erro, pediu desculpas e disse repudiar “qualquer forma de racismo, discriminação ou desrespeito racial”.

“Nós erramos e pedimos desculpas! Nós, como equipe da academia, assumimos a total responsabilidade pelo ocorrido e lamentamos profundamente qualquer desconforto, dor ou ofensa causada. Estamos comprometidos em aprender com essa situação e tomar medidas para garantir que isso não aconteça novamente em nossos eventos.

Entendemos que palavras não são suficientes para reparar o dano causado, mas queremos enfatizar nosso compromisso em evoluir, aprender e trabalhar para garantir que todos se sintam acolhidos e respeitados em nossa academia. Continuaremos a ouvir e aprender com a comunidade, a fim de promover uma mudança efetiva e duradoura.

Agradecemos a compreensão e o apoio de todos vocês. Estamos aqui para ouvi-los, aprender com nossos erros e trabalhar em conjunto para promover uma mudança positiva”, escreveu.

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