Um professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, entrou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) para pedir a suspensão imediata da prova de vida do INSS durante a pandemia. A medida foi tomada por Gelson de Albuquerque após perder o pai para a Covid-19.

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Segundo o Sindicato dos Professores das Universidades Federais de Santa Catarina (Apufsc), que divulgou a história nesta semana, os pais do professor foram diagnosticados com Covid-19 poucos dias após irem ao banco para realizar a prova de vida do INSS.

Telmo de Albuquerque, de 85 anos, morreu no último dia 24, enquanto a esposa, Vanir Terezinha de Albuquerque, de 82 anos, permanece internada no hospital com coronavírus.

– É inaceitável que, em plena pandemia, o governo faça 36 milhões de brasileiros frequentarem bancos, que são ambientes totalmente fechados, lotados, para fazer uma prova de vida que poderia ser realizada de qualquer outra maneira – defende o professor aposentado do Departamento de Enfermagem da UFSC.

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Para ele, o governo poderia fazer a certificação por outros meios, como comunicação direta com os cartórios, que registram os óbitos. O professor entende que seria fundamental outra medida para evitar a presença dos beneficiários em ambientes como os bancos.

A representação contra a realização da prova de vida foi protocolada por Gelson e o irmão, Luiz Roberto de Albuquerque, no Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul. No documento, eles destacam que o comparecimento presencial representa um risco real à vida.

Prova de vida foi retomada em dois modelos

A prova de vida estava suspensa desde março de 2020, após o início da pandemia, mas foi retomada em julho de 2021. A medida passou a valer também para aposentados e pensionistas do serviço público federal. Foram disponibilizadas duas opções: a digital, via biometria facial pelo celular, ou o comparecimento ao banco. Para Gelson, a restrição a essas duas opções é nociva e excludente.

– Não dá para esperar que os aposentados tenham a mesma capacidade de assimilação das estruturas tecnológicas e que consigam fazer o processo digitalmente. Isso obriga a grande maioria a ir presencialmente ao banco.

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Sem familiaridade com a tecnologia, os pais de Gelson ficaram apreensivos com a possibilidade de corte do benefício se não seguissem a exigência. Segundo o professor, os dois idosos encontraram a agência lotada, em um dia de chuva, esperaram por cerca de 1 hora e meia e precisaram tirar a máscara para fazer o reconhecimento facial.

– A morte do meu pai é um combustível para que possamos lutar contra esse absurdo da prova de vida. Não queremos que nenhum filho ou filha perca os pais dessa forma – garantiu Gelson.

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