Em momento de necessidade global por respiradores para tratamento da Covid-19, um professor da Universidade Federal de Santa Catarina desenvolveu um modelo que pode ser produzido com baixo custo. Saulo Güths, do Departamento de Engenharia Mecânica, criou um respirador pulmonar a partir de bicos injetores automotivos. A ideia é iniciar a produção dos equipamentos em tempo para utilização durante a pandemia de coronavírus.

Continua depois da publicidade

> Em site especial, saiba tudo sobre o coronavírus

— Uma coisa é um protótipo, que desenvolvemos com as funções básicas. O custo dos componentes fica em torno dos R$ 2 mil. É claro que aí não estão colocadas a assistência técnica, impostos, mão de obra e eventual lucro. A empresa que fabricar terá a responsabilidade sobre os equipamentos, o que implica um custo embutido. Mas certamente estamos vendo custos exagerados de venda e conseguiremos fazer um equipamento mais barato — afirma o professor Saulo Güths.

O engenheiro da UFSC esperava firmar parcerias com empresas sem fins lucrativos para a produção dos respiradores. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apenas permite a realização por empresas que já possuam o cadastro nível 3. O professor Saulo afirma que uma companhia de São Paulo possui a habilitação e tem interesse na produção, mas antes disso há outras etapas a serem cumpridas.

— Conseguimos passar em teste de bancada e tivemos contato com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, pessoal especializado em pneumologia e intensivismo. Eles estão nos auxiliando na parte médica. O respirador foi aprovado em teste animal. O próximo passo é fazer teste em humanos. Faremos na próxima semana em Porto Alegre ou no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo — projeta.

O desenvolvimento do ventilador pulmonar foi iniciado no mês de março na casa do professor, com ajuda do filho Eduardo Larsen Güths, aluno de Engenharia Mecânica da UFSC. O projeto tem gestão administrativa e financeira da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu). Saulo Güths lamenta os cortes de verbas para pesquisa e ciência, que diminuem o poder de inovação do país.

Continua depois da publicidade

— Sinto dizer que está cada vez mais difícil. Estamos com cortes de verbas, bolsas e desmantelamento das equipes. Os alunos pesquisadores estão indo embora do país. Os melhores recebem propostas de empresas de fora e vão embora. Seria muito simples se eles tivessem perspectiva de receberem bolsas para pesquisa aqui. Isso vai se reverter na queda da nossa qualidade de tecnologia. Não há país no mundo que aumenta nível social sem investir em tecnologia — finaliza o professor.

Ventilador pulmonar foi aprovado em teste de bancada
Ventilador pulmonar foi aprovado em teste de bancada (Foto: Divulgação / UFSC)