Professor completa 80 anos, 63 deles dedicados ao ensino da língua portuguesa

A paixão por ensinar tem levado um professor de Joinville a bater recordes. Nesta semana, David Tarcísio Balsanelli Vegini completou 80 anos, 63 deles dedicados ao ensino da língua portuguesa. Isso porque ele começou muito cedo, aos 17 anos, só se aposentou oficialmente em 2006, após 45 anos de exercício da profissão, mas nunca se afastou das salas de aula.

– Hoje, atuo como voluntário na Comunidade Arca da Aliança, dando aulas de português e conhecimentos gerais aos candidatos a entrar na comunidade -, relata o professor, que escreveu um livro sobre a trajetória.

– Comecei a escrever em 2006, quando me aposentei, e não tenho a pretensão de publicá-lo, mas a família está sempre me incentivando, para que mais pessoas conheçam a minha história.

Ele perdeu a conta do número de alunos que teve, e a memória já não lhe permite recordar do nome de cada um deles. Mas David estima que já deu aula para mais de 25 mil estudantes, a maioria deles em Joinville, nos colégios Celso Ramos e Bom Jesus e na Univille, onde atuou desde a fundação. Para ele, nada é mais gratificante do que ser reconhecido pelos alunos na rua e descobrir que crianças que um dia passaram pela sua classe agora são médicos, engenheiros, profissionais renomados e extremamente gratos ao professor.

– É um sinal de que, de alguma maneira, marcamos a vida deles -, diz.

Nascido em Luis Alves e filho de um professor, David conta que frequentou o Seminário de Ascurra.

– Naquela época, o seminário era uma oportunidade para quem queria estudar, e o carisma da instituição era justamente a educação da juventude. Então, meu caminho já estava trilhado: seria professor -, brinca.

E foi assim que David encontrou sua vocação. Cursou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, no interior de São Paulo, e chegou a fazer três anos de teologia na Lapa, em São Paulo. Em 1959, mudou-se para Itajaí. Depois, passou cinco anos em Clevelândia, no Paraná, sempre lecionando para crianças. Mas foi em 1966 que David fixou residência em Joinville. A escolha foi motivada por um encontro.

– Casei com uma joinvilense -, conta, referindo-se à companheira, Tereza Miranda Rittes Vegini.

Pai de quatro filhos, e avô pela quarta vez, ele se alegra ao contar que uma das filhas, Isabel, supervisora educacional da rede municipal, seguiu sua profissão. Mas lamenta que a educação no País tenha decaído.

– Atualmente, a gente assiste às notícias da TV e lamenta que 40% dos professores já foram agredidos e destratados em sala de aula. Graças a Deus, isso nunca aconteceu comigo, sempre fui respeitado pelos alunos -, diz.

Para ele, a melhoria do sistema educacional passa necessariamente pela valorização dos profissionais, por reformas que garantam maior qualidade no ensino e por mudanças na base: a família. Isso porque, para David, não adianta delegar a educação dos filhos somente aos professores. Educação vem de casa. E na casa de David, ela sempre foi uma prioridade.