No último dia 25 de setembro o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou os resultados da pesquisa “Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil”, com uma avaliação do impacto da Lei Maria da Penha (em vigor desde agosto de 2006) nos casos de assassinatos de mulheres em todo o país.

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Os resultados apurados foram decepcionantes e revelam uma verdadeira epidemia: a cada ano mais de 5 mil mulheres são mortas no Brasil – uma a cada hora e meia -, sendo que grande parte dessas ocorrências se dá no âmbito doméstico e familiar.

O levantamento, longe de atestar o fracasso das iniciativas introduzidas pela lei, talvez esteja a indicar a dificuldade de implementação efetiva das medidas nela previstas. Mais do que isso, vem a confirmar que o enfrentamento da violência contra a mulher e a redução das desigualdades de gênero no Brasil podem ter na lei importante mas não conclusiva aliada.

Nossa sociedade é violenta, nós homens e mulheres somos violentos de modo geral. O desafio comporta múltiplos e entrelaçados fatores, sendo que a educação ocupa destacada posição nesse processo e coloca os educadores no centro do debate.

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Neste sentido, a noção de gênero (realçando o componente social e cultural inscrito nas expectativas existentes em torno do que se considera adequado num comportamento masculino e feminino e o caráter de relação de poder inerente a tais situações) pode contribuir para o enfrentamento do problema, para além de uma vitimização das mulheres, evidenciando espaços de resistência e luta no cotidiano de cada um de nós contra processos relacionais e sociais de inferiorização e distribuição desigual de poder – não só entre homens e mulheres, mas também entre mulheres e entre homens. .