Uma coisa é certa: nada mais pode virar “paisagem” em ambientes públicos e em áreas residenciais, sob pena de gerar uma desgraça. Responsáveis ou apenas usuários, depositários da segurança de muitos ou de poucos, há que revisar comportamentos em relação a muitos itens que compõem uma edificação – pública ou uma residência. É hora de enfocar no Casa&Cia um triste protagonista da tragédia na boate Kiss, de Santa Maria: o revestimento acústico. Se aquele era inadequado, improvisado, não era assim por falta de opções no mercado. Há exemplos de produtos versáteis concebidos para projetos diversos e todos com atributos de retardar a propagação de incêndios.

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Os isolamentos termoacústicos têm versões específicas para aplicação em piso, forro, dutos de ar-condicionado, telhas metálicas, paredes em drywall ou externamente com acabamento decorativo que pode ser personalizado.

Conforme o material e a indicação de sua aplicação, pode retardar a proliferação de chamas de 20 minutos até duas horas (neste caso, há específicos para paredes externas). Desenvolvendo soluções Daniela Loturco Arrais, arquiteta responsável da divisão de construção civil da Trisoft – empresa brasileira especialista em revestimento termoacústico – admite que a simples substituição do material utilizado para revestimento da casa noturna por um produto adequado teria mudado completamente o final triste vivenciado pelos moradores da cidade de Santa Maria.

Para a arquiteta da Knauf do Brasil, Fabíola Souza, o que pingou foi plástico, material totalmente inadequado para promover conforto acústico. Voltando no tempo, a profissional ressalta que a criação do drywall nos Estados Unidos ocorreu em 1908, após um grande incêndio.

A busca por um material mais resistente ao fogo desembocou na descoberta do gipsita, o conhecido gesso.

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– Até a chama de uma placa standard, a mais comum de gesso, tem 30 minutos de resistência ao fogo – informa Fabíola.

Se avaliarmos o que tem espuma e, portanto, poder de combustão dentro de casa, os estofados também preocupam.

No entanto, uma informação positiva: há tecnologia de linhas de colchões e sofás que já estão operando com espuma autoextinguível.

– Se pegar fogo, ele não se alastra, não propaga – diz Mara Schneider, coordenadora comercial da Feeling Estofados, de Jaraguá do Sul (SC), que adotou há dois anos essa tecnologia diferenciada de segurança.

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Ao pensar em grandes prédios, lembramos de estruturas metálicas que também precisam de proteção.

A AkzoNobel produz uma película usada em todo mundo e, dependendo da especificação de pintura, é possível retardar em uma hora a disseminação de chamas e até mesmo para duas horas, conforme a programação permitida pelo produto. Esse tempo serve para que o edifício seja evacuado com segurança, além de proteger a estrutura, impedindo que entre rapidamente em colapso. Por ser intumescente, o produto impede também a formação de fumaça, que foi a principal causa da morte de mais de duas centenas de pessoas em Santa Maria em poucos minutos.

* Este teto que sobe das paredes (foto no alto da matéria) é um material de proteção termoacústica que passou por uma aplicação de imagem, transformando o restaurante em um local próximo da natureza. O material dos produtos da linha Isosoft é fabricado em lã de PET (garrafas PET recicladas), sem adição de resinas e sem o uso de água durante o processo, sendo 100% reciclável e sustentável. Como tem propriedade autoextinguível, não propaga e nem goteja chamas, e, muito importante: não exala fumaça tóxica. O mesmo produto tem uma especificação destinada a uso em telhado.

* Em um estúdio de som, a questão acústica é vital, não apenas para não propagar ruídos, mas para a qualidade de som. Esta espuma (abaixo), baseada em resina de melamina, não propaga chamas e nem gera fumaça tóxica. Pode ser aplicada em ambientes entre -200ºC e 240ºC e tem elevada resistência química. É usada para absorção sonora e isolamento térmico em áreas com rígidos requisitos de segurança, como prédios, carros, trens e aviões. .

* As chapas de gesso, com aplicação diversa daqueles revestimentos termoacústicos, no entanto, têm variações de produtos que exibem umas furações para acrescentar propriedade de conforto acústico (que não propaga fogo rapidamente, conforme arquiteta especializada). Em um home theater, a preocupação com a acústica pode ser solucionada com placas como estas, tal como em um quarto de alguém que toca instrumentos musicais. O produto (abaixo) também age como catalisador de ar em ambientes sociais, diz Fabíola Souza: “Levando em conta que este tipo de cômodo recebe um grande fluxo de pessoas, é necessário dar uma atenção especial à qualidade do ar que circula”.

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* Até estofados podem ajudar a minimizar um incêndio. O sofá Allen (abaixo), que será lançado na 15ª feira Abimad, em São Paulo, é de espuma autoextinguível. De design contemporâneo, retrátil e acionamentopor controle remoto.

* Este prédio do New York Times (abaixo) tem aplicada sobre a área metálica uma película. O produto é indicado para situações e estruturas metálicas que irão receber grande número de pessoas, como será o caso dos estádios e ginásios de esportes da Copa e da Olimpíada. Com base na requisição do Corpo de Bombeiros, para cada situação específica, é definida a espessura do produto aplicado à estrutura.