O apelo ao uso de cosméticos e a busca pela beleza têm afetado até mesmo as crianças. Por vaidade, brincadeira ou curiosidade, os pequenos se expõem a produtos estéticos. A pele responde ao uso precoce por meio de alergias e dermatites. Em longo prazo, sofre afinamento, ressecamento e envelhecimento precoce. A dermatologista Carla Botasso alerta: esmalte, maquiagem e tinta de cabelos são para peles adultas, aptas a lidar com o stress que o meio ambiente provoca.

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Segundo ela, a pele das crianças é diferente dos adultos, tem menos pelos e menos secreção das glândulas sudoríparas e sebáceas. É uma pele mais fina, mais permeável à penetração de substâncias tóxicas e medicamentos. Além disso, possui menor número de células que produzem cor, por isso não está preparada para lidar com a luz solar.

Conforme a médica, em casos em que o uso desses produtos for inevitável, deve-se optar por versão infantil, hipoalergênica, testada dermatologicamente e com registro na Vigilância Sanitária e Inmetro.

– A exposição a esses produtos, bastante coloridos e com conservantes, gera sensibilização, levando a alergias e dermatites de contato -, explica.

O uso de esmaltes com frequência causa alergia que pode se estender para todo o corpo. O hábito de retirar a cutícula compromete a matriz da unha e propicia a entrada de fungos e bactérias.

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– Com o excesso de exposição aos esmaltes a pele ao redor das unhas se torna sensível ao mínimo irritante que entrar em contato – assinala.

Pintar, alisar e descolorir os cabelos interferem no ciclo natural de crescimento dos fios, destroem a camada protetora e enfraquecem as cutículas. Produtos tóxicos, como o formol, glutaraldeído ou glutaral, mesmo proibidos pela vigilância sanitária ainda são utilizados em alisamentos. Produtos com potencial cancerígeno, o glutaraldeído pode até causar esterilidade.

A lavagem longa e frequente, o uso de escovas e xampus detergentes também devem ser evitados. O resultado da agressão são cabelos quebradiços, sem brilho, que caem com facilidade.

– Essa criança ao se tornar um adulto terá um cabelo envelhecido devido às agressões que sofreu durante sua infância e adolescência – esclarece.

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Depilação também não é para crianças. A especialista afirma que os pais não devem permitir que os filhos façam depilação seja nas pernas ou nas sobrancelhas porque isso pode provocar falhas nos pelos, no futuro.

Antirrugas e cremes de beleza nem pensar.

– Quando falamos de crianças, torna-se claro que não devem usar e nem serem estimuladas ao uso – assinala.

Esses cremes são indicados a partir dos 25 anos quando a pele já pode começar a evidenciar os primeiros sinais de envelhecimento.

A especialista cita alguns cuidados diários

– Banhos com água morna, não demorados, uso de sabonetes de PH neutro/suave.

– Ensaboar somente as áreas de dobras, em que as bactérias são mais numerosas, como pescoço, axilas, pés e região genital.

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— Nunca friccionar a pele com esponjas ou similares.

– Hidratar a pele logo que sai do banho com creme hidratante.

– Não esquecer da proteção solar. Crianças se expõem três vezes mais ao sol do que os adultos e 50 a 80% de todo dano solar causado à pele ocorre na infância.