Um dos setores que mais sofreu as consequências das medidas contra o a disseminação do novo coronavírus é o de entretenimento. Conforme um pronunciamento da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos – ABRAPE, 51,9% dos eventos que ocorreriam no Brasil em 2020 foram cancelados ou remarcados. Colocando em miúdos, aproximadamente 300 mil eventos de diversos tipos sofreram com os impactos do coronavírus. O turbilhão no mercado do entretenimento nacional pode representar uma perda de até R$90 bilhões, levando-se em consideração os impactos nas casas de eventos e empresas prestadoras de serviços.

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A frase de ordem é uma só: Não peça reembolso do seu ingresso, remarque o show na sua agenda. Para mitigar os efeitos adversos que a proibição dos eventos deve causar, as empresas promotoras sugerem que os clientes que já possuem ingressos não peçam reembolso, mas sim aguardem e utilizem a entrada para uma nova data.

Para saber mais sobre o assunto, conversamos com quatro parceiros do Clube NSC, representantes de importantes empresas do segmento no estado, para comentar sobre a situação atual e contar as expectativas sobre o futuro. São eles, Samuel Linhares, diretor do Grupo Novo Brasil – GNB; Doreni Caramori, diretor do Grupo All; Eveline Orth, diretora da Orth Produções; e Luiz Henrique Costa, proprietário da C5 Produções.

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Até 200 eventos podem ser cancelados pelo GNB por conta do coronavírus
O Novo Brasil estima que pelo menos 200 eventos serão cancelados pelo grupo que é responsável por diversos estabelecimentos em Florianópolis, entre eles o P12, em Jurerê Internacional (Foto: Adriel Douglas)

Como foi a recepção do grupo assim que as primeiras informações sobre o isolamento chegaram?
Samuel Linhares: Tomamos conhecimento e imediatamente, assim que as medidas de afastamento foram publicadas, acatamos sem questionamento. Tratava-se de determinação e deixamos os impactos para um segundo momento. Após muitas consultas, entendemos o grande impacto no nosso segmento e nas nossas rotinas semanais. Os cancelamentos e reagendamentos, como não há data específica para o retorno de nossas atividades, seguem as tendências mundiais dos grandes eventos, a partir das determinações governamentais conforme análises técnicas e as previsões dos especialistas no assunto. Sempre a maior preocupação é firmar novas datas com muito respeito e preocupação com nossos clientes. Unificando as operações das seis casas [GNB], além de casamentos e eventos corporativos que também realizamos, mais de 70 eventos já foram cancelados ou remarcados até a presente data. Estimamos que de mais 200 eventos programados não serão realizados durante os próximos quatro meses.

Houve tempo de mensurar os prejuízos? Doreni Caramori: Acompanhamos o tema e as conduções feitas internacionalmente à distância. Foi um momento de muitas dúvidas, tenho certeza que não só para nós, uma vez que o próprio Poder Público não se planejou em absoluto para receber a pandemia, e as empresas consequentemente também não. Considerando todas as nossas operações [Grupo All] em todas as cidades em que estamos, já são mais de 50 eventos efetivamente cancelados ou remarcados até o momento. O setor do entretenimento foi o primeiro a paralisar e essa paralisação é permanente. A reunião de público é entendida por muitos como a grande vilã ao combate do coronavírus, além de tudo, não há previsão para o retorno das atividades. E quando retornar o setor não irá faturar imediatamente, pois há toda parte de lançamento do evento até o início das vendas e assim por diante. Estima-se que ocorra uma média de prejuízo de R$1,8 milhão por empresa, totalizando 90 bilhões para a indústria nacional.

De qual forma o público pode ajudar o setor a diminuir os impactos negativos?
Luiz Henrique: No período de março a maio, nossas vendas [C5 Produções] foram proporcionais às peças. As novas diretrizes federais nos ajudaram, pois elas não obrigam a devolução dos ingressos vendidos desde que seja oferecida uma nova data. Espera-se que após o governo liberar a utilização dos espaços, o público compareça sem medo. Estamos tomando algumas providências de segurança, como: restringir o uso em 50%, verificação da temperatura corporal logo na entrada na sala de espetáculo, disponibilização de máscaras, disponibilização de álcool em gel, higienização da sala de espetáculos a cada sessão e popularizar os valores dos ingressos. Acredito nessas ações de segurança para retomada do público durante 2020, mas creio que em 2021, após o carnaval, teremos 80% do retorno e 100% após a criação de uma vacina. Também nesse período a sociedade percebeu a importância dos artistas na rotina, principalmente nas promoções de lives.

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Você acredita que as transmissões ao vivo podem se tornar um novo segmento?
Eveline Orth: Infelizmente os artistas foram muito insultados nos últimos dois anos no nosso país. E neste momento onde as pessoas estão passando tantas horas em casa a única coisa que as faz sair um pouco do noticiário são os filmes, a música, os vídeos de dança, musicais, os livros, os seriados, as novelas. É fundamental entender que quem está por detrás disso tudo são os artistas, escritores, compositores, roteiristas, fotógrafos, técnicos, engenheiros… uma cadeia gigante de profissionais invisíveis. E respondendo especificamente sobre as lives, acredito que será mais uma forma de evento, mas nada vai tirar a emoção do ao vivo, de estar com as pessoas.

E sobre o futuro. Como você acredita que serão os eventos daqui para frente?
Eveline Orth: A pergunta mais difícil de responder é esta, pois quando será este futuro? Creio, e isso é uma opinião, que todas as relações já estão sofrendo mudanças, novos modelos de negócio vão ser construídos. Mas, especificamente o nosso setor foi o primeiro a parar e será com certeza o último a retornar. As grandes aglomerações — refiro-me aos grandes festivais — vão demorar mais tempo para retornar. A questão é quanto tempo vai demorar, como vai estar a economia e o poder de compra da população. Ainda temos um inverno pela frente e isso será determinante para todo o mercado, especialmente o do Sul do Brasil. Estamos trabalhando na ABRAPE os temas relacionados ao retorno das nossas atividades, elaborando um documento com sugestões para a retomada, respeitando as normas da Organização Mundial da Saúde. Pretendemos encaminhar o documento para os órgãos de saúde das cidades e estados.