Este ano promete mais pinhão na mesa dos catarinenses, mas não muito. Com uma semana de colheita – iniciada em abril para evitar a exploração do produto ainda não maduro, conforme restringe a lei estadual nº15.457 de 2011 – produtores de Campo Alegre conseguem perceber como será 2015. Com certeza deve render mais aos agricultores do que 2014, considerado um ano ruim. Mas o resultado da polinização das araucárias dá indícios de que será apenas mediano.

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– Quando chove muito atrapalha a polinização – explica Áureo Mercle, o dono de um restaurante rodeado de araucárias.

Geralmente elas se reproduzem no verão. O pólen fica em suspensão no ar. Quanto mais polinizadas, mais pinhão. E quanto menos chuva, maior as chances de polinização. Para o dono do restaurante, que usa as pinhas de seu terreno no carro chefe da cozinha, o hambúrguer de cordeiro com pinhão, “se chove muito, prejudica” a colheita.

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– Esse ano é para ser mais ou menos – acredita Áureo, que considera praticamente imprevisível quantificar a produção.

Uma araucária antiga pode ter de 30 a 40 pinhas, chegando a 60. As mais novas apresentam em média 15. Cada pinha, tirando as falhas, rende quase um quilo de pinhão. Mercle acredita que matéria prima boa para os sanduíches é aquela que cai de tão madura. Ele não faz questão de colher e deixa a própria natureza cuidar de si. O trabalho “em cima do pinhão” é praticamente nulo.

A maioria das 950 propriedades rurais campo alegrenses, de acordo com o engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura Gilian Brummquell, têm araucárias. Raros são os produtores que plantam esse tipo de pinheiro para exploração comercial.

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– A maior parte das pessoas que vende não são produtores. Eles entram com permissão, colhem e vendem geralmente nas rodovias – esclarece o engenheiro.

Colha e Pague

O pinhão é considerado pelo engenheiro “o algo a mais” das propriedades rurais. Na pousada de Cristina Maria Pauli, existe o “colha e pague”. O hóspede aprende a encontrar as pinhas na natureza e pode usá-las em receitas próprias e até levar alguns quilos para casa. A pousada também prepara pratos especiais no inverno, como a sopa de pinhão e a sapecada.

– Pinhão na nossa região é um atrativo turístico. Tem uma riqueza muito forte para a gastronomia – reconhece Cristina.

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Uma boa colheita nas mais de 1500 araucárias da pousada pode resultar em 12 toneladas e meia de pinhão. Mesmo com os visitantes e pratos típicos, acaba sobrando pinha. Por isso , muitas famílias fazem acordos com proprietários como Cristina. Um percentual fica para o dono do terreno e o restante para quem estrai o produto da natureza. Além de uma referência para o turismo local, o pinhão é considerado uma alternativa de ganhar mais ou a principal fonte de renda de alguns cidadãos.