A produtora Rock World, responsável pelo Rock in Rio, quer captar R$ 8,8 milhões via Lei Rouanet para um evento restrito a convidados. De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, essa foi a proposta enviada ao Ministério da Cultura para custear o Amazônia Live, um show em um palco flutuante montado no rio Negro, em Manaus, marcado para o dia 27 de agosto.

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Segundo o texto do projeto, o evento será fechado a 200 jornalistas e formadores de opinião. Mas, em nota, a assessoria da produtora explica que o público poderá acompanhar, por telões espalhados por Manaus e pela transmissão do Multishow, as apresentações do tenor lírico Plácido Domingo junto da Orquestra Amazonas Filarmônica e do Coral do Amazonas.

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A restrição de plateia seria proibida pela lei Rouanet, que nega a concessão de incentivo a eventos que tenham limitações de acesso. A Rock World afirma que “o evento foi todo estruturado para a retransmissão via web e TV, e atingirá milhões de pessoas no Brasil e exterior, atendendo a demanda da lei”.

O projeto está em discussão na pauta da atual reunião da Cnic (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura). Ainda não pode começar a captação, mas já recebeu dois pareceres. No primeiro, que se mostrou favorável ao projeto, houve redução do valor para R$ 5,4 milhões. Já o segundo, contrário, diminuiu para R$ 3,8 milhões. Ambos fizeram cortes de itens como toalhas (R$ 60 mil) e aluguel de equipamento de sonorização (R$ 200 mil). Outros cortes foram em rubricas como cachês de artistas (de R$ 1,2 milhão para R$ 130 mil) e de um arranjador para três jingles (de R$ 150 mil para R$ 30 mil).

A assessoria Rock World informou a Folha que o Amazônia Live “foi construído para chamar atenção internacionalmente para a causa da devastação da Amazônia” e, por isso, idealizado para ocorrer “em local que traduza esse ambiente de floresta e magia para impactar a opinião pública internacional”. Sobre a contradição de usar isenção fiscal para um evento fechado, sem participação popular, a organização afirmou que “o evento foi todo estruturado para a retransmissão via web e TV”. De acordo com a assessoria, “não se trata de um show musical, mas de uma plataforma de captação de som e imagem”.

A Rock World afirmou ainda que o evento “não é um show como os outros, para ser assistido no local” e que “nunca foi esse o objetivo, pois seria inviável, no meio da floresta, essa operação”. A produtora ainda disse que não cabe questionamento sobre o enquadramento do evento na Lei Rouanet pois, “caso contrário, a proposta não seria sequer transformada em projeto pelo MinC”.

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