Santa Catarina ainda é uma criança na produção de vinhos finos e espumantes, com 15 anos de história, quando comparada a regiões da França e Itália que produzem a bebida há centenas de anos. Ganha, no entanto, reconhecimento crescente em qualidade, tecnologia e prêmios pelo mundo, mesmo sem ter encontrado ainda uma uva emblemática.
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Essa expressão é usada para definir a fruta que será a principal imagem do vinho fora do país, como acontece com a malbec na Argentina e a carménère no Chile. Por isso, Santa Catarina busca uma uva que identifique a produção das vinícolas do Estado.
Produtores de uva catarinenses apostam na fabricação de sucos e espumantes
A adega que é um labirinto com 5 mil garrafas de vinho em Herval d’Oeste
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– Os vinhos catarinenses são de alta qualidade, mas pouco competitivos – diz o produtor e presidente do Sindicato da Indústria do Vinho de Santa Catarina (Sindivinho), Celso Panceri.
Foto: Vinícola Panceri (Thiago Santaella / Agência RBS)
Levantamento ajuda a determinar identidade
Os produtores do Estado podem ter dado um passo à frente nessa busca. Os resultados de uma pesquisa realizada de 2010 a 2014 feita em parceria pela Fundação Edmund Mach, da Itália, o instituto alemão JKI, de pesquisa em vinhedos e vinhos, a Epagri e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram apresentados no I Seminário Internacional de Vitivinicultura, realizado em Videira esta semana.
Santa Catarina já planta cabernet sauvignon, merlot, malbec, entre outras variedades. Mas os resultados das pesquisas mostram outras uvas com grande potencial de produtividade, sabor, acidez equilibrada e P.H. controlado, selecionadas dentro de uma análise com 103 variedades.
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Entre as uvas para vinhos brancos, aparecem as variedades vermentio, verdichio e greco di tufo, bem adaptadas para a produção de espumantes. Entre as tintas, bons resultados foram obtidos com a espécie rebo e sangiovese.
– Em produção comercial ainda não existem. Mas com certeza em um ou dois anos já teremos vinícolas com essas variedades – explica o pesquisador da Epagri Vinícius Caliari.
Foto: Vinícola Villagio Grando (Thiago Santaella / Agência RBS)
Vencida a primeira etapa de pesquisas, vem a de mercado. Everson Fernando Suzin, sócio-diretor da Vinícola Suzin, de São Joaquim, levanta uma questão:
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– As pessoas vão pedir vinho vermentio ou rebo nos restaurantes? Vamos precisar de uma estratégia comercial para fazer essa entrada no mercado – diz Suzin, que produz cabernet sauvignon, merlot, pinot nour e outras variedades no município da Serra Catarinense desde 2006.
Barbera, da Itália, é uma alternativa
Foto: Agne27 / Wikimeddia Commons
Uma das opções levantadas para a produção de vinho em Santa Catarina foi uma variedade italiana chamada barbera. De cor rubi e sabor frutado, é adaptada a climas mais quentes.
– É uma variedade muito adaptável. Pode ser usada pura na produção do vinho ou em composições em outras variedades – diz Claudio Fenocchio, produtor italiano de vinho que participou do seminário.
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Além dessa variedade, ele também planta a uva nebbiolo, com que produz vinho Barolo na sua vinícola em Piemonte, a Giacomo Fenocchio.
Barolo é um dos tipos da bebida mais famosos do mundo, produzido apenas naquela região por cerca de 350 produtores. Parecido com o que acontece com a Champagne, produzido apenas em uma área específica no nordeste da França.
Como os bons vinhos, o tempo ajuda as empresas a consolidar a marca no mercado e expandir as vendas.
– Em 1989, quando surgiu a vinícola, ficamos quase cinco ou seis anos sem conseguirmos vender nosso vinho – disse Adriano Miolo, sobre o surgimento da empresa no Rio Grande do Sul.
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Ele é diretor da Miolo Wine Group. Hoje, esse é o maior grupo do país na produção de vinhos e espumantes e uma das poucas marcas nacionais com alcance no mercado internacional, com garrafas que variam de R$ 15 a R$ 600, em uma série de rótulos diferentes.
* O repórter viajou a convite da organização do 1º Seminário Internacional de Vitivinicultura