A produção de leite em Santa Catarina caiu 22% nos últimos seis meses, sendo que 15% é devido ao período de entressafra, que é normal, e outros 7% são motivados pelos efeitos da estiagem na região Sul.

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Os dados são do presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Derivados de Santa Catarina (Sindileite SC), Valter Brandalise. Ele afirmou que somente na região Sul, onde são produzidos 30 milhões de litros de leite por dia, sendo 7,5 milhões em Santa Catarina, isso representa uma redução diária de 1,5 milhão de litros.

Para o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina, Enori Barbieri, a situação está muito difícil para os produtores, pois além das perdas na produção ainda sofrem com o aumento de custos.

– Há um ano a saca de milho estava em R$ 35 e hoje está em R$ 55, o que inviabiliza a atividade – disse. Sem pasto, pela estiagem, os produtores precisam utilizar mais milho e silagem, que também sofreu com a falta de água.

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Segundo Barbieri essa situação é ruim para o produtor e também para o consumidor, pois pode elevar em até 50% o preço do leite.

Aliás o Ministério Público até cobrou explicações de três empresas sobre o aumento no preço do leite longa vida, que considerou abusivo.

Por outro lado a Associação Catarinense dos Criadores de Bovinos (ACCB), emitiu uma nota onde coloca que há uma redução na produção, aumento de custos de produção em 20% e o preço pago ao produtor não aumentou na projeção do Conseleite, conselho paritário das indústrias e produtores, permanecendo em R$ 1,23 o leite padrão.

– Nosso custo já está em R$ 1,45 por litro. Os produtores têm que usar mais milho, estão tendo custos com transporte de água, o plantio das pastagens de inverno já está atrasado cerca de três semanas pois não chove, teve um aumento para o consumidor e isso não foi repassado para o produtor. Entendemos que o aumento era necessário para cobrir os custos mas o produtor não recebeu ainda – disse o presidente da ACCB, Félix Muraro Júnior.

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O presidente do Sindileite, Valter Brandalise, disse que o que aconteceu com o leite longa vida foi um aumento causado pela menor oferta no período e que isso não aconteceu com outros lácteos.

– Essa oscilação no preço do leite ocorre de tempos em tempos, tanto para baixo, quanto para cima. A tendência no momento é de alta. Mas isso não aconteceu em outros produtos, como o queijo, que teve uma queda de R$ 1 em média. Então não é tudo que subiu. E os produtores também recebem mais do que a média do Conseleite. Só que agora é um momento em que nada está normal. Então não sabemos o que pode acontecer mais adiante – disse Brandalise.

O analista do setor leiteiro do Centro de Socieconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, Tabajara Marcondes, confirma que há uma redução na produção causada pela estiagem, o que diminuiu a oferta e aumentou os preços ao consumidor. Ele afirmou que os preços de leite próximo de R$ 2 a caixinha não é normal, assim como não foi normal quando o leite passou de R$ 5 em Florianópolis.

– O setor leiteiro como um todo vem sofrendo com a questão econômica, que reduziu o poder aquisitivo e o consumo. A estiagem aumenta os custos e também pode levar o produtor a dar menos alimento para os animais e assim reduzir as perdas. Com menor oferta e menos importação, devido a alta do dólar, o preço acaba aumentando – concluiu Marcondes.

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