Com raras exceções, os imigrantes japoneses chegaram ao Brasil com pouco dinheiro para trabalhar em plantações. Um deles foi Fumio Hiragami, nascido em 2 de julho de 1949 na cidade de Tanabe. Fumio tinha nove anos quando saiu do Japão com a mãe e três irmãs para trabalhar em Uraí, no Norte do Paraná, como boia-fria em lavouras de algodão, café e cipó.
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Após oito anos de trabalho nos campos do Paraná e de São Paulo, Hiragami pôde começar a juntar seu próprio dinheiro quando chegou a Mairinque (SP), onde atuou como meeiro (aquele que divide os lucros com o patrão) em um pomar de pêssego. Em 1974, integrou o grupo das 16 primeiras famílias que chegariam em São Joaquim para produzir a que viria a ser conhecida como uma das melhores maçãs do mundo.
Desde então, Hiragami nunca mais trocou de cidade. Com a esposa, também japonesa, teve quatro filhos em São Joaquim, além de construir uma empresa referência em maçã. Hoje, sua empresa começa a despontar para o vinho fino e dá emprego fixo a 250 pessoas, dobrando na colheita. São 11 mil toneladas por ano, o equivalente a 5% da produção de São Joaquim, que gira em torno de 240 mil. Entre os mais de 1,5 mil produtores de maçã do município, Hiragami é um dos maiores.
Brincalhão e simpático, leitor assíduo de jornais, apaixonado por motos e escritor de diários em japonês desde os 14 anos, Fumio Hiragami é o símbolo da história de quem vem de fora, e bem longe, para viver em uma das cidades mais frias do país:
– Mais da metade da minha vida está aqui, meus quatro filhos nasceram aqui, minha família é daqui.
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