A produção de cebola em Santa Catarina na safra 2022/2023 deve ser a maior registrada no Estado nas últimas quatro colheitas. Um boletim divulgado pela Epagri nesta segunda-feira (27) aponta 551 mil toneladas nesta safra. O número supera em 7% a projeção inicial. A expectativa é de que a venda do produto movimente ao menos R$ 1 bilhão, conforme o órgão.

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O Alto Vale do Itajaí é apontado como a principal região responsável por fazer a expectativa de produção ser ultrapassada. Somente na microrregião de Ituporanga, o volume atingiu 257 mil toneladas. Segundo o engenheiro-agrônomo da Epagri, Jurandi Teodoro Guge, as temperaturas elevadas, o sol e a pouca chuva a partir da segunda quinzena de novembro até o fim da safra, em janeiro, ajudaram na plantação.

Até mesmo as cebolas chamadas de “capitão” — aquelas que florescem por causa da pouca luminosidade da primavera e costumam não ser absorvidas pelo mercado por causa da aparência — foram comercializadas diante da demanda dos consumidores e até por valores expressivos, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Cebola de Santa Catarina, Jelson Gesser.

— Esse ano a gente começou a safra com preços muito elevados. Historicamente até acho que um dos valores mais altos que já tivemos, chegando a R$ 6 o quilo. E essa cebola que antes era descartada foi comercializada por falta do produto no mercado. Então os produtores que colheram primeiro conseguiram vender facilmente e por um valor bom de mercado — explica Gesser.

(Foto: Patrick Rodrigues, Santa)

O agricultor Arny Mohr, de Ituporanga, cidade com o título de Capital Nacional da Cebola, colheu e vendeu toda a produção entre novembro e dezembro. Resultado? Faturou alto. Comercializou as 800 toneladas por preços que variaram entre R$ 3 e R$ 5, cobrindo todos os gastos de produção e deixando um bom faturamento para ele e os filhos, que se dedicam à lavoura. Mohr começou 2023 com a produção inteira vendida e uma movimentação superior a R$ 2,4 milhões.

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Quem não vendeu tudo no fim do ano passado começa a sentir os efeitos da queda no preço do quilo, ocasionado pelo aumento da oferta de cebola no Brasil. Almir Schefer conseguiu dar vazão a 60% das cerca de 1,8 mil toneladas da mercadoria antes de 2022 acabar. Do que ficou, uma parte é considerada perda e o restante ele espera vender até o final de abril, mas o preço atual do quilo caiu para R$ 2,5.

— Com esse valor empata o quanto a gente gasta para produzir — afirma.

O presidente da Associação de Produtores de Cebola em Santa Catarina cita o aumento nos valores dos fertilizantes e também da mão de obra para justificar a necessidade de preços melhores para a cebola. Segundo Gesser, o agricultor acabou decepcionado de ver o valor alto no começo das vendas para o que se tem agora. Porém, frisa que o cenário a partir de agora é de estabilização de preço.

Ele estima que cerca de 40% da produção catarinense ainda esteja à venda.

Apesar de não ser o valor esperado por quem cultiva, o montante ultrapassa a estimativa da Epagri de que o preço médio de produção é de aproximadamente R$ 1,70 o quilo.

SC se mantém líder de produção

Com uma produção na casa das 551 mil toneladas, Santa Catarina se mantém na liderança da produção no Brasil. Dados da Epagri mostram que 30% do produto comercializado no país sai do Estado.

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Uma safra maior do que esta só foi registrada no período de 2016/2017, quando chegou a 630 mil toneladas. Na época, os agricultores acabaram não conseguindo comercializar a supersafra, conta o engenheiro-agrônomo da Epagri, Jurandi Teodoro Guge.

Depois disso, a média no Estado oscilou entre 430 e 450 mil toneladas.

Gráfico mostra produção por região de SC safra 2022/2023