A importância de manter a higiene e desinfetar ambientes nunca foi tão exigida como nesta época da pandemia do novo coronavírus. Nas produções animais catarinenses, medidas para garantir a biosseguridade dos plantéis de suínos e aves e a saúde dos trabalhadores estão sendo reforçadas. O médico veterinário e mestre em Produção Animal, Fabrício da Silva Delgado, possuí 25 anos de experiência em agroindústria e explica que os produtores devem ter cuidados especiais para evitar a contaminação.
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— Ao entrar na zona de biosseguridade, área do estabelecimento rural (aviário ou sistema de produção de suínos), o produtor deverá trocar seu calçado, e quando adentrar ao galpão lavar bem as mãos — destaca Fabrício.
Intensificação de medidas de higiene
O distanciamento entre os animais, respeitando os critérios de bem-estar animal, além da ventilação do galpão são orientações feitas aos produtores rurais. O cuidado com a saúde dos animais também deve ser reforçado.
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— Os animais devem seguir as dietas indicadas para cada fase da vida, assim como água clorada para hidratação, oriunda sempre de poços e unidades de tratamento bem seguros e limpos — adverte o médico veterinário.
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Além disso, cuidados pessoais do produtor rural e dos trabalhadores são essenciais para que a produção também esteja mais segura e higienizada. Além das normas recomendadas para toda a população pelo Ministério da Saúde, como a lavagem das mãos por no mínimo 20 segundos e o distanciamento social, é recomendado também o uso constante de máscaras, álcool em gel 70% e pedilúvio nas entradas de maior fluxo de pessoas para higienização dos calçados.
Visitas à propriedade rural também devem ser evitadas neste período, a não ser dos técnicos, motoristas (que transportam ração, leitões, pintinhos) e profissionais que fazem o carregamento desses animais.
— Deve ser adotado um fluxo especial para os profissionais transportadores, evitando que eles utilizem as áreas comuns da casa, como banheiros e interior da casa do produtor — destaca Fabrício.
Adaptação rápida dos produtores às novas medidas
Apesar da rapidez que foi exigida para que os produtores catarinenses se adaptassem à nova realidade imposta pela pandemia e que as medidas de higiene no estado fossem intensificadas, o médico-veterinário Fabrício destaca que a educação sanitária nas produções rurais do estado é um destaque positivo.
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— Santa Catarina é um estado com vocacionamento de produção agropecuária sustentada, pois a comunidade que vive do negócio rural é muito bem treinada e entende que as medidas de prevenção são as mais importantes — diz
Exemplo disso é a Granja Faria, que apesar de não ter possibilidade de parar a atividade, devido à natureza da produção que lida com vidas dos animais, está seguindo todas as orientações de higiene e segurança, visando proteger a saúde dos seus colaboradores e a qualidade dos produtos.
— Estamos evitado as aglomerações, alterando os horários de refeição nos refeitórios internos e as reuniões passaram a ser realizadas remotamente — explica o engenheiro Ricardo Faria, que atua na granja que é uma das maiores do país e que tem sede em Lauro Muller, no Sul Catarinense.
Na Granja Faria, além das medidas de biosseguridade adotadas normalmente pelo segmento, outras foram impostas devido à pandemia, como, por exemplo, a aquisição de testes rápidos para Covid-19, disponíveis para todas as unidades da empresa; a distribuição de cartilhas de orientações sobre o coronavírus para os colaboradores; a exigência do uso de máscaras para os colaboradores no trabalho e fora dele; o afastamento dos grupos de risco, conforme orientação dos órgãos competentes; a desinfecção com produtos de ação viricida dos veículos de uso coletivo; o pedilúvio nas entradas de maior fluxo de pessoas para higienização de calçados; e os diálogos constantes sobre cuidados e prevenção.
Impacto econômico no setor da produção animal catarinense
Quando perguntado sobre o aumento do custo da produção, o engenheiro Ricardo Faria admite que de fato houve elevação, mas que é necessário neste momento.
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— Na produção da granja, houve algumas antecipações de abates, o que consequentemente fez reduzir a produção de ovos e as vendas foram ajustadas conforme essa nova curva de produção — pontua.
Além disso, segundo ele, as vendas para mercado externo foram as que mais sofreram impacto devido aos cancelamentos dos voos, visto que para o segmento de ovos férteis o transporte utilizado é o aéreo.
Apesar disso, o médico-veterinário Fabrício acredita que o setor não será tão impactado quando comparado ao restante da economia.
— Na questão de produção já estamos vivenciando um pequeno ajuste, porém, com a demanda de exportação ainda bastante expressiva e com as habilitações sanitárias que as plantas no estado de SC possuem, o setor não deverá ser tão impactado. O que na minha opinião é mais significativo é o custo de produção em função principalmente da soja, e microelementos da ração que são comprados em dólar e que pela situação do câmbio influenciam o aumento de custos — ressalta.
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