A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, responsável pela Operação Lava-Jato, divulgou nesta quinta-feira (19) uma nota à imprensa e uma certidão da Justiça Federal para rebater a acusação de que procuradores teriam vazado informações de um processo à revista digital Crusoé.
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A revista publicou reportagem dizendo que em uma ação da Lava-Jato o delator Marcelo Odebrecht, dono da empresa que leva seu sobrenome, revelou aos investigadores que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, era tratado pelo apelido "amigo do amigo do meu pai".
A reportagem foi censurada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinou que ela fosse retirada do ar pela Cruzoé e pelo site O Antagonista. Nesta quinta, Moraes recuou e revogou a decisão dele próprio.
A nota divulgada pela força tarefa da Lava-Jato diz que os procuradores só acessaram o processo que continha as informações da reportagem após a matéria ter sido publicada pela revista digital.
"Certidão com informações extraídas do sistema eproc pela 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba demonstra que os procuradores da força tarefa da Lava-Jato do Ministério Público Federal no Paraná só acessaram os autos em que foi juntado o documento de que trata a matéria da Revista Crusoé, intitulada 'O amigo do amigo de meu pai', às 22h04 de 11/04/2019, portanto, após a publicação da notícia sobre o assunto no site da revista e no site O Antagonista. A referida matéria estava disponível, pelo menos, desde às 20h01 de 11/04/2019", diz a nota.
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A matéria publicada pela Crusoé não diz que Toffoli tenha cometido qualquer ilegalidade. O argumento usado por Alexandre de Moraes para a censura foi que as informações contidas na matéria seriam falsas.
A Folha de S.Paulo também teve acesso ao material e confirmou que realmente Marcelo Odebrecht, dono da empreiteira, diz aos investigadores que Tofolli era tratado por "amigo do amigo do pai" em troca de e-mails entre executivos da companhia.
Os procuradores dizem, na nota, que "a tentativa leviana de vincular o vazamento a procuradores da força tarefa é apenas mais um esforço para atacar a credibilidade da força-tarefa e da operação, assim como de desviar o foco do conteúdo dos fatos noticiados".
A força-tarefa ainda diz que "diante do fato de que o documento foi produzido por particular e que a ele potencialmente tiveram acesso várias pessoas, a acusação — infundada, como provado — ignora a participação de outros atores no inquérito. Nesse contexto, a acusação direcionada aos procuradores levanta suspeita sobre a isenção de quem a realiza e sobre a real intenção de quem os persegue".
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