Encarregado de investigar se houve um conluio entre a campanha de Donald Trump e a Rússia, o procurador especial dos Estados Unidos, Robert Mueller, recomendou na terça-feira (4) uma sentença sem prisão para Michael Flynn, agora ex-conselheiro de Segurança Nacional do presidente, por sua “ajuda substancial” no caso.
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“Dada a ajuda substancial do acusado e outras considerações detalhadas na sequência, uma sentença no extremo inferior da escala prevista – incluindo uma sentença que não impõe um período de detenção – é apropriada e está justificada”, justificou Mueller na alegação judicial.
Assessor de Trump na campanha presidencial de 2016 e ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca durante 22 dias, em 2017 Flynn se declarou culpado de ter mentido para o FBI, principalmente sobre suas conversas com o embaixador russo nos Estados Unidos, Sergei Kislyak.
“O acusado ajudou várias investigações em curso”, explicou Mueller no documento judicial, referindo-se à investigação “em relação aos vínculos, ou à coordenação entre o governo russo e as pessoas associadas com a equipe de campanha do presidente Donald J. Trump”.
Flynn é conhecido por sua indulgência para com a Rússia e por sua posição de linha-dura com o extremismo islâmico.
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Durante a campanha presidencial de 2016, Flynn estimulou a multidão a gritar “Calada!” a cada alusão à então candidata democrata, Hillary Clinton.
Flynn se viu obrigado a renunciar poucas semanas depois de sua nomeação na Casa Branca, onde ocupou um dos postos mais influentes, assessorando o presidente sobre assuntos de diplomacia e de segurança.
“Os fatos que admiti hoje no tribunal constituem um grave erro”, reconheceu, após ser acusado em dezembro de 2017.
“Aceito toda responsabilidade das minhas ações”, acrescentou.
– 18 meses de investigação –
A pergunta sobre se a cooperação de Flynn pode ser uma ameaça para o presidente Trump paira sobre a Casa Branca.
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Até agora, passados 18 meses de investigação, o procurador Mueller não apresentou qualquer prova tangível de conluio entre a equipe de campanha do magnata nova-iorquino e Moscou.
Trump parece cada vez mais indignado com esta investigação que contamina seu mandato. O presidente lança duras críticas a Mueller, denunciando com frequência uma “caça às bruxas”.
Sinal de que a investigação pode acabar em breve, o presidente respondeu por escrito, em 20 de novembro, as perguntas do procurador especial.
No documento judicial publicado ontem à noite, o procurador especial disse que Flynn ajudou sua equipe “em uma variedade de temas, incluindo as interações entre as pessoas da equipe de transição do presidente e a Rússia”.
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O documento explica que Flynn contou aos investigadores sobre seus contatos com o embaixador russo nos Estados Unidos para tratar de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre Israel e as sanções por ingerência impostas pelo governo Barack Obama. A conversa aconteceu quando Flynn estava à frente da equipe de transição.
“A decisão do acusado de se declarar culpado e de cooperar provavelmente influíram nas decisões das testemunhas convocadas de virem e cooperarem”, conclui o texto de Mueller.
* AFP