A comunidade católica de Jaraguá do Sul vive uma grande expectativa. A vida dedicada ao próximo de padre Aloísio Boeing poderá ser santificada. O bispo da Diocese de Joinville, Dom Irineu Roque Scherer, anuncia oficialmente nesta terça-feira a abertura do processo de beatificação do religioso, que trabalhou por mais de 40 anos em Jaraguá do Sul e está sepultado no pátio da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, no bairro Nereu Ramos.

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A irmã Zenaide Araújo, 62 anos, conta que Aloísio era conhecido pela serenidade, palavras acolhedoras e por reconciliar famílias. Ao longo de 65 anos de vida sacerdotal ajudava os fiéis com conselhos e bênçãos. Para a religiosa, que conviveu com o Aloísio 40 anos, o que diferenciava era seu poder sacerdotal.

Conheça a oração do padre Aloísio

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– Ele acreditava muito e se dedicava ao sacerdócio. Escutava as pessoas, rezava e pedia para que acreditassem no poder a oração -, descreve a irmã, que faz parte do grupo de mulheres consagradas Fraternidade Mariana do Coração de Jesus, fundada pelo padre Aloísio.

Mesmo com a morte dele, em 2006, a fé das pessoas não diminuiu e a notícia de que Aloísio intercedia pelos católicos se espalhou. O seu túmulo, que fica em frente a uma capela de Nossa Senhora Aparecida, é visitado por centenas de pessoas. Assim como a Missa da Misericórdia, onde o sacerdote é lembrado, que ocorre todos os dias 17 de cada mês.

As irmãs da Fraternidade Mariana também conservaram o quarto de Aloísio do jeito que foi deixado por ele. O local também é aberto para visitação.

– Ele entregou a vida ao povo -, lembra.

Para a aposentada Ema Dalcanali, 68, moradora do bairro Nereu Ramos, o sacerdote já é considerado um santo.

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– Recebo graças dele no meu dia a dia. Só o fato de eu conseguir ir para a Igreja já é uma graça -, enaltece Ema, que conheceu o padre quando era vivo.

– Ele sempre me deu força para muitas coisas. Era um santo de um homem. Nos dava força para não desanimar -, conta.

Graças agradecidas em placas

As pessoas atribuem ao religioso milagres como a cura de doenças, em alguns casos até de pacientes que estavam desacreditados pelos médicos. A família Reis fez a homenagem em 2009. Maria Tonisete Reis de 51 anos e a filha Jane Reis, de 22, visitaram o sacerdote em 2005, quando estava debilitado da visão por causa da idade avançada. Tonisete conta que quando entraram na sala onde ele atendia, sem dizer uma palavra Aloísio apontou para Jane e disse:

– Rezem muito para o espírito santo ilumine os médicos dela.

Na época, Jane havia sido diagnosticada com toxoplasmose, mas a doença não tinha se manifestado.

– Uma semana depois a doença ativou. Começamos a rezar e nunca mais a toxoplasmose voltou -, recorda Tonisete.

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– Lembro que ele segurou na minha mão e disse que eu me cuidar -, descreve Jane.

Depois das visitas ao padres e posteriormente a sua morte a participação nas missas, sempre que precisam a família reza pedindo graças ao religioso.

Além da graça da família Reis, em cima do túmulo de Aloísio, tem mais de 40 placas de agradecimentos. Segundo Zenaide, dois casos chamam a atenção: de um jovem picado por uma cobra e havia demorado para procurar socorro e hoje não perde as missas em homenagem ao padre e uma ministra que engoliu um pedaço de fio de aço por acidente, que formou um tumor maligno diagnosticado pelos médicos e se curou.

Outros casos

Esta é a primeira vez que um religioso da Diocese de Joinville é candidato a santo. A única santa do Estado é a Madre Paulina, canonizada em 2002. Em 2007, a menina Albertina Berkenbrock, que nasceu em Imaruí, foi beatificada. Outro processo em Santa Catarina é de Frei Bruno, de Joaçaba.

HISTÓRIA

– Nasceu no dia 24 de dezembro de 1913, na localidade de Vargem do Cedro, em São Martinho (SC), filho de João Boeing e Josefina Effting Boeing.

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– Aos 11 anos entrou para a Escola Apostólica Sagrado Coração de Jesus, em Brusque.

– Foi ordenado padre em Taubaté (SP), no dia 1º de dezembro de 1940.

– A primeira paróquia em que o padre trabalhou foi em Varginha (MG) onde permaneceu um ano.

– Veio para Corupá, em 1942, onde foi professor no seminário por seis anos.

– Ficou quatro anos como mestre de noviços em Brusque, antes de fundar o Noviciado Nossa Senhora de Fátima, na Barra do Rio Cerro, em Jaraguá do Sul, em 1956, onde foi mestre de noviços durante 20 anos.

– Passou seis anos na paróquia de Pomerode, mais um ano em Brusque, na Casa de Retiros Padre Dehon.

– Durante 23 anos viveu na comunidade de Nereu Ramos, em Jaraguá do Sul, onde fundou a Fraternidade Mariana do Coração de Jesus, que iniciou em 1974.

– Faleceu em 17 de abril de 2006, aos 92 anos, e pediu para ser sepultado em frente a uma gruta de Nossa Senhora Aparecida, no pátio da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Nereu Ramos, Jaraguá do Sul. Ele morreu de falência múltiplas dos órgãos, devido a idade avançada.

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– O túmulo de padre Aloísio virou espaço de romaria e todos os dias 17 de cada mês é realizada a Missa da Misericórdia, onde é lembrado o sacerdote, sempre às 15 horas.

– O religioso também leva o nome na Casa de Apoio Padre Aloísio Boeing e na rua que dá acesso ao Noviciado Nossa Senhora de Fátima.