Um pastor, que dedicou a vida a aconselhar, abençoar e ajudar os necessitados. Um sacerdote incansável na sua doação ao povo, muito humilde e submisso a hierarquia da Igreja. Foi por meio dessas virtudes, que o bispo de Joinville, dom Irineu Roque Scherer, descreveu o padre Aloísio Sebastião Boeing e anunciou a abertura do seu processo de beatificação, durante coletiva na tarde desta terça-feira. Um homem a quem a Diocese de Joinville ânsia por chamar de santo.
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Primogênito de uma família cristã, ele nasceu em 1913 em Imaruí, município que hoje pertence a São Martinho. Com pais de missa e terço diário, Aloísio cresceu em um ambiente de piedade e acolhimento.
– Ele sempre foi um caçador de almas, soube pescar pérolas preciosas em sua vida -, disse a autora da causa do processo de beatificação e coordenadora da Fraternidade Mariana do Coração de Jesus, irmã Neide Emília Girolla.
A irmã, coordenadora da congregação fundada por padre Aloísio, que conviveu com ele em Jaraguá do Sul, conta que o sacerdote sempre estava atento às necessidade do povo ao seu redor e, mesmo no leito de morte, não se negou a conceder auxílio espiritual as pessoas que foram ao seu encontro. Também nunca abdicou de ajuda material.
– Não foi uma vez ou duas que ele abrigou famílias em sua casa que perderam tudo em incêndios -, lembra irmã Neide.
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A proximidade que construiu com os fiéis pelas dioceses em que passou e com as bênçãos que concedia até mesmo ao azeite, não demoraram a surgir os primeiros relatos de milagres, mesmo com ele ainda em vida. Um deles conta a história de uma mulher que tinha varizes grandes nas pernas e se feriu com uma farpa. O marido assim que viu o sangramento, amarrou uma camiseta para conter o sangramento e correu buscar o azeite abençoado por padre Aloísio, tão logo pusera o azeite no ferimento, o sangramento teria cessado.
Apesar de não ter conhecido padre Aloísio, dom Irineu pede que os fiéis clamem a ele por seus problemas.
– Peçam coisas grandes, porque ele vai querer se manifestar, vai querer ser santo -, disse.
Processo de beatificação
A constante procura dos fiéis por padre Aloísio, que permanecem visitando a casa em que ele morava em Jaraguá do Sul e o túmulo em que foi enterrado ao lado da igreja Nossa Senhora do Rosário, no bairro Nereu Ramos, encorajaram irmã Neide Emília Girolla a fazer o pedido ao Vaticano pela beatificação.
– Sentimos que era um sinal de Deus para fazer esse pedido a Roma -, disse.
Está prevista para o dia 17 de abril uma missa na Catedral de Joinville para dar início a instalação do Tribunal que tem por objetivo comprovar os milagres.
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– O tribunal é formado por 30 pessoas identificadas pela curadora do processo (irmã Neide) para dar o seu testemunho sobre os milagres -, explica o padre Léo Heck. O processo pode levar um ano ou mais.
No fim da pesquisa o dossiê com os testemunhos colhidos e a pesquisa a cerca da vida do sacerdote é lacrado e enviado ao Vaticano, que irá avaliar se ele deve ou não ser beatificado. O padre Léo explica que se ao longo do processo for comprovado um milagre, ele é beatificado, e se depois de um tempo um novo milagre for reconhecido é considerado santo.
A Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano aprovou em 28 de fevereiro deste ano o “Nihil Obstat” _ nada impede_, que permitiu a abertura do processo.
– No apagar das luzes do pontificado de Bento 16 veio então uma resposta -, disse padre Léo.