A equipe de cardiologia do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, de Itajaí, realizou um procedimento inédito no Sul do Brasil para o tratamento de hipertensão arterial sistêmica, a popular pressão alta. Em novembro, um paciente – que não teve o nome e idade revelados – foi submetido durante 45 minutos a uma espécie de cauterização das artérias renais por meio de um cateter inserido na virilha. A unidade hospitalar foi a segunda do Brasil a realizar este tipo de procedimento. O primeiro havia sido em São Paulo no Hospital Dante Pazzanese, onde foi feito o treinamento da equipe técnica de suporte da empresa fabricante do cateter.

Continua depois da publicidade

Esta técnica começou a ser utilizada em 2009 na Europa, mas nem todos os pacientes hipertensos podem passar pelo tratamento. São candidatos os que mesmo com uso de no mínimo três medicamentos não têm controle adequado da pressão. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Aritmias Cardíacas (Sobrac), entre 10% e 15% das pessoas que sofrem de hipertensão não conseguem controlar a doença, mesmo fazendo uso de vários remédios.

Escolha

O Marieta foi um dos cinco hospitais em todo o Brasil e o único da região Sul habilitado para iniciar este tipo de tratamento. A escolha foi devido a dois dos médicos da equipe, os doutores Tiago Luiz Silvestrini e Marcos Juliano de Abreu, terem participado em março deste ano de um curso sobre a técnica em Berlim, na Alemanha. Além disso, a dupla também já tinha experiência com este tipo de procedimento com cateteres utilizados para o tratamento de arritmias cardíacas.

Continua depois da publicidade

De acordo com o médico Tiago Luiz Silvestrini o paciente submetido ao procedimento estava internado no hospital utilizando uma gama de medicações sem sucesso no controle da pressão arterial.

– O procedimento tem como objetivo a destruição do sistema nervoso das artérias renais e transcorreu sem nenhuma intercorrência. O paciente recebeu alta 48 horas depois com melhora considerável dos níveis de pressão -, destaca o eletrofisiologista.

No início de 2014 o paciente deve retornar ao hospital para extensa bateria de exames e monitoramento dos níveis de de pressão atuais.

Continua depois da publicidade

Hipertensão arterial atinge 24% da população brasileira

A hipertensão arterial atinge atualmente 24,3% da população brasileira. A informação é parte da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2012), divulgada no mês passado pelo Ministério da Saúde. Para a pesquisa, foram entrevistadas 45 mil pessoas acima de 18 anos nas 26 capitais e no Distrito Federal.

De acordo com o Ministério da Saúde, o índice de hipertensos permaneceu estável nos últimos sete anos da pesquisa. A Vigitel 2012 aponta que, quanto maior a escolaridade, menor a taxa de hipertensos. Entre os que têm até oito anos de educação formal, 37,8% sofrem de hipertensão. Já com relação àqueles com 12 anos ou mais de ensino, 14,2% são hipertensos.

A doença é mais comum entre as mulheres (26,9%) que entre os homens (21,3%). A incidência da hipertensão cresce à medida que aumenta a idade. Na faixa etária de 18 a 24 anos, apenas 3,8% tem hipertensão. Entre os que têm mais de 65 anos, 59,2% se declaram hipertensos.

Continua depois da publicidade

Também no início deste mês, o Ministério da Saúde firmou com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) o quarto acordo para redução do teor de sódio nos alimentos.