Moradores de um condomínio na Rua Monte Pitangueiras, que fica no Bairro Monte Alegre, em Camboriú, querem que a Caixa Econômica Federal se responsabilize por problemas estruturais que surgiram nos imóveis, financiados por meio do programa Minha Casa, Minha Vida.
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Há cerca de 10 dias, as sacadas dos oito apartamentos que ficam no lado direito do edifício cederam e chegaram a ser interditadas pela Defesa Civil. A construtora responsável pelo prédio demoliu as varandas e está fazendo reparos, mas os donos das moradias temem novos danos à estrutura.
– Se não tivéssemos chamado o pessoal para sair de casa e colocado escoras quando percebemos que as calhas estavam estourando, as sacadas teriam caído. Sempre tem crianças brincando embaixo do prédio, poderia ter acontecido uma tragédia – diz Marcelo Reis, que aluga um apartamento no edifico.
O morador, que trabalha como mestre de obras, diz que os problemas não se limitam às varandas e mostra que o reboco das paredes se solta com facilidade. Segundo ele, as sacadas do prédio, que foi entregue há dois anos, começaram a ceder de uma hora para outra – e, em um intervalo curto de tempo, as rachaduras já apresentavam 25 centímetros de profundidade.
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Demolição
– Se ficassem como estavam, as sacadas poderiam cair em alguém ou comprometer a estrutura do prédio – diz a diretora da Defesa Civil em Camboriú, Carla Krug.
Um laudo, feito por um engenheiro da prefeitura, recomendou a demolição das sacadas – providência que já havia sido tomada pela construtora. Ontem de manhã, um operário trabalhava na reconstrução das estruturas, que está sendo paga pela empresa.
– O que incomoda é que a Caixa aprovou o financiamento e autorizou a venda dos imóveis. Meu apartamento, que fica no outro lado, também está rachando – diz o síndico do edifício, Lucas Cobersan, que pretende encaminhar o laudo feito pela prefeitura ao banco.
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O engenheiro civil José Raimundo Moritz Piccoli, diretor da Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos em Balneário Camboriú e Camboriú (Area), disse que, de acordo com as imagens que viu do condomínio, aparentemente não houve danos ao corpo principal do prédio.
– Tem que ser verificado o que aconteceu. Se a sacada foi colocada após o projeto, ou sem o consentimento do projetista, seria uma irresponsabilidade – afirma.
O dono da construtora foi procurado pela reportagem do Sol Diário, mas não quis falar sobre o problema.
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Contraponto
Em nota, a assessoria de comunicação da Caixa informou que o banco financiou apenas a aquisição dos apartamentos, e não a construção – da mesma forma que faz em qualquer operação de mercado. Neste caso, o imóvel passa por avaliação para definir o valor da garantia e o valor máximo que pode ser financiado, além de verificação de defeitos aparentes. Quando o imóvel foi vistoriado, de acordo com a assessoria, não apresentava indícios de vícios construtivos.
O banco argumenta ainda que, se há problemas, ocorreram após a concessão de financiamento. A instituição afirma não ser responsável por vícios construtivos de imóveis prontos e por ela financiados posteriormente. Nesses casos, a responsabilidade é da empresa construtora e do responsável técnico.
A Caixa informou que faria vistoria no imóvel para verificar a existência de vícios construtivos e, em caso positivo, acionar a construtora para as regularizações. Mas a construtora, por iniciativa própria, já deu início às obras.
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