Durante dois meses, os pacientes que fazem uso de um dos análogos da insulina glulisina chegavam no dia pré-agendado para a retirada do medicamento e não o encontravam no balcão da Farmácia-Escola de Joinville. A glulisina é distribuída aos cadastrados no programa de educação para diabéticos e usada, geralmente, por pacientes com diabetes tipo 1 – aqueles que não têm produção autônoma da insulina no organismo. A substância oferece melhor controle da doença em relação às insulinas convencionais fornecidas nas unidades de saúde do município e são caras para se comprar em farmácia, considerando o uso ininterrupto.
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Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o abastecimento foi restabelecido no início da semana. De acordo com o órgão, as possíveis faltas ou atraso no fornecimento “são ocasionadas por fatores externos, uma vez que a SES possui um planejamento adequado para as compras e abastecimento”.
Os pacientes, no entanto, reclamam da instabilidade no fornecimento. No ano passado, houve falta da insulina três vezes – no segundo semestre, durante quatro meses, até que uma ação civil pública garantisse a retomada da distribuição do medicamento.
– As insulinas de ação rápida são melhores para as crianças que são insulinodependentes, ou seja, usam de três a quatro vezes por dia, porque apresentam menor risco de pico de hipoglicemia. E, quando não há fornecimento, precisam voltar para as insulinas distribuídas nos postos, muitas vezes sem adequação da dosagem, desregulando o controle – explica a endocrinologista Suely Keiko Kohara, que oferece apoio à Associação dos Diabéticos de Joinville (Adijo).
Despesa mensal para as famílias
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Se precisasse adquirir glulisina para a filha Rafaela, de oito anos, aplicar todos os dias, Nilse Ramos gastaria, em média,
R$ 120 por mês. A menina, diagnosticada com diabetes tipo 1 em 2016, precisa fazer a aplicação da insulina no mínimo três vezes por dia. Porém, elas vivem a situação de não saber se haverá glulisina disponível no mês seguinte.
– Se ela fizer um lanche extra, algo que ultrapasse a quantidade de carboidratos diária, precisa de mais uma aplicação. De qualquer forma, ela não pode ficar sem a insulina – afirma Nilse, que conseguiu ajuda para não parar o tratamento da filha neste período.
Nilse faz parte do grupo de mães de pacientes com menos de 18 anos que se reuniram ontem na sede da Associação dos Diabéticos de Joinville para debater sobre o atendimento aos portadores de diabetes na cidade.
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Além de incertezas sobre a disponibilidade das remessas de insulinas, a presidente da Adijo conta que há problemas na distribuição de insumos, como o cateter para as bombas de insulina, e no agendamento de consultas na rede pública de saúde.