Mais uma vez a situação se repete: água, alagamentos e deslizamentos na Grande Florianópolis. A situação não é nova, e os principais municípios da região participam de programas da Defesa Civil nacional para fortalecer a prevenção de desastres. Também são beneficiados por verba do Programa de Aceleração do Crescimento para o mesmo fim. Apesar de tudo, os problemas persistem, como os alagamentos registrados ontem de madrugada.
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Em Palhoça, o prefeito interino Nirdo Artur Luz (DEM), o Pitanta, posta quase que diariamente em seu Facebook ações do mutirão que está limpando bocas de lobo, rios e valas. Segundo o secretário de Defesa Civil do município, Leonel José Pereira, 90% do trabalho já foi feito. Ainda assim, o próprio site da prefeitura exibe mais uma cena de alagamento no Rio Aririú.
– Hoje (ontem), a enchente se deu as 4h da madrugada, e às 6h30 já havia escoado. Isso antes levava mais de um dia – garante Leonel.
Para melhorar, o município ainda precisa elaborar seu projeto de drenagem urbana e depois colocá-lo em prática. A primeira parte faz parte do PAC, mas ainda não está sendo executado. Isso ajudará bairros como Frei Damião, Eldorado e Caminho Novo a terem menos alagamentos.
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Em São José também há uma obra do PAC a ser feita para melhorar a drenagem no Bairro Kobrasol. A burocracia fez com que ainda não fosse dado início à licitação. Até lá, o município faz ações como a limpeza dos rios (chegaram a retirar 180 caminhões lotados de resíduos do rio Araújo) e monitora as chuvas. É o município onde há mais domicílios em áreas de risco (são cerca de mil), sendo que o local mais afetado é a Colônia Santana, onde, além de alagamentos, há também deslizamentos. Algumas barreiras de contenção foram feitas, mas o diretor da Defesa Civil local, major Hilton de Souza Zeferino, diz que o grande problema é realocar as famílias que vivem em áreas de risco.
– Na maioria são pessoas de baixa renda. Precisamos de um lugar para colocá-las – explica Hilton.
Para evitar os deslizamentos
Os deslizamentos são o grande problema da Capital. No maciço do Morro da Cruz, uma obra do PAC, de R$ 9,8 milhões, está em curso para reduzir os riscos para as cerca de 400 famílias que sofrem ameaça constante da terra ceder ou de rochas caírem em suas casas. A intenção é reurbanizar a região para minimizar as chances de tragédias.
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Já para moradores do Rio Vermelho, Campeche e Ingleses, que normalmente sofrem com alagamentos, a solução vem mais lenta. Pelo fato de os danos não serem tão grandes, o antigo plano de redução de riscos da cidade não coloca estas famílias entre as que sofrem com desastres naturais. Um novo mapeamento está sendo feito, bem como a limpeza de 75 quilômetros de valas. Também é prevista para a cidade a drenagem da bacia dos rios Itacorubi e Sertão.
Biguaçu é um dos poucos municípios que já conseguiu reduzir os danos. Apesar das cheias em março, uma obra de R$ 35 milhões, custeada pelo PAC, já reduziu significativamente o número de alagamentos na cidade. O projeto está 70% completo, mas já mostra resultados. Na prática o que se fez é revestir canais e colocar galerias de escoamento de água em vários pontos do município.
Apesar do exemplo, Biguaçu é o único dos quatro maiores municípios da região que ainda não tem plano de prevenção de riscos. Segundo o secretário de integração regional, Irineu Davi Kuhnen, está sendo feito um mapeamento das áreas mais afetadas por desastres. O que se sabe é que as regiões dos morros morros do Rio e do Tibúrcios merecem atenção especial quando o assunto é deslizamento.
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– Até o fim do ano queremos ter um projeto pronto – diz Irineu.