Devido a um erro técnico alguns exemplares da edição impressa do Diário Catarinense foram distribuídos com problemas nas páginas 4 e 32 do caderno principal.
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Reproduzimos abaixo a coluna de Sérgio da Costa Ramos e de Viviane Bevilacqua que foram omitidas nas edições com erro, assim como os PDFs na íntegra.
Sérgio da Costa Ramos
Como se siente el papá?
A XX Copa do Mundo só não acabou bem para a Seleção Brasileira.
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Quando a competição começou para valer, nas semifinais, a equipe de Felipão revelou-se um blefe, um castelo de cartas. Não fossem os quatro gols de Neymar na fase preliminar, nem teria se classificado para as oitavas de final. A “amarelinha” teria se poupado, e aos brasileiros, a humilhação daqueles 7 a 1 – e, assim, a derrota teria sido menos dolorosa e caricata.
Alemanha e Argentina disputaram uma final eletrizante, dois estilos, duas réguas e dois compassos diferentes. A Argentina fechada como um cofre, para dar o bote no contra-ataque. A Alemanha costurando a Brazuca, em busca de espaços. Dois tempos não bastaram: a prorrogação teve “suspense”, entrega física, suor e drama.
Interessante: Gana, Argélia, EUA e Argentina souberam marcar e fechar os espaços da Alemanha. Menos o Brasil, que se entregou, desequilibrado.
Se a Seleção Brasileira foi fragorosamente derrotada, o povo brasileiro venceu. Deu goleada de fair-play, hospitalidade e bom-humor.
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Não há povo neste planeta que se iguale ao nosso em demonstrações de alegria explícita, regadas a irreverência, hilaridade, picardia, originalidade, bizarrice e um espírito festeiro incomum, uma espécie de alma eletrificada, um “Olodum” que magnetiza nervos e tendões de louras e morenas, vikings e negros, amarelos e eslavos, reunindo-os todos numa universal confraria capaz de irmanar todas as raças e todas as crenças.
Quando o jovem Goetze matou no peito e “executou” a Argentina, já no segundo tempo da prorrogação, a maior de todas as Copas correu para as mãos de quem a mereceu, com uma posse de bola de 67% a 33%.
Nunca houve uma Copa como esta, com final mais parecida com um roteiro de Alfred Hitchcock. Sua última cena: uma falta nas imediações da área alemã, a ser cobrada pelo cansado, mas sempre genial Messi…
Ao final, o Cristo Redentor vestiu-se de vermelho, negro e amarelo, em homenagem à seleção tetracampeã.
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Ao “Papá” Argentina, o consolo: foi um magnífico coadjuvante para o belo espetáculo da mais festiva e bem sucedida de todas as Copas.
O novo Avaí
Com consulta de viabilidade encaminhada à prefeitura, o projeto que dará ao Avaí uma nova dimensão na vida da cidade será apresentado nos primeiros dias de agosto ao Conselho Deliberativo do clube.
A consultoria ICT, que organiza o projeto para a megaempresa JingGong – construção civil, aeronáutica e infraestrutura – com consolidada tecnologia mundial em estádios com cobertura retrátil e ligas de metal, como o Ninho do Pássaro de Pequim e os brasileiros Arena Manaus e Brasília, alinhou o conjunto de um hotel de seis andares, Office Center e Out Let como âncoras do novo “centrinho” do Carianos – cuja cereja do bolo será a Arena Ressacada para 33 mil torcedores.
Um moderno Centro de Treinamento no caminho do Campeche completa o desenho do novo Avaí, alinhado com o desenvolvimento da cidade e seu novo Plano Diretor.
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Duelo de Papas
Na disputa entre representantes de Deus na Terra, a Copa do Mundo acabou batendo as asas para a janela do pontífice alemão, o Papa Emérito Joseph Ratzinger. Os “celestes” se esqueceram de que os alemães também tinham um Papa, embora aposentado.
Com a vitória germânica, venceu a natural cordialidade de uma seleção que se valeu de franciscana humildade para integrar-se à torcida brasileira, enquanto os hermanos entoavam seus cânticos de ofensas e ironias. A Copa ficou em santas mãos, embora o papa Francisco, tão simpático, nada tivesse a ver com a cantoria pouco educada dos seus patrícios.
Viviane Bevilacqua
Brasil perde, mas brasileiros ganham a Copa
Pronto. Acabou. A Alemanha merece todos os louros. E agora, por um bom tempo, só vai se falar da derrota do Brasil por sete a um. A seleção perdeu a Copa, mas nós, brasileiros, não. Temos muito o que comemorar. Como povo, esta competição só fez melhorar nossa imagem lá fora. Aliás, no mundo todo. O futebol apresentado pode ter sido um fiasco. Mas nós não.
Primeiro, mostramos a nós mesmos que podemos sediar um evento deste porte (o que não quer dizer que deveríamos ter feito isso, assunto para outra hora), mas sim, nos saímos bem especialmente no quesito recepcionar de forma digna os visitantes.
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Nem a gente acreditava nisso. “Os taxistas vão roubar o que puderem”, “os coitados nem vão poder sair dos hotéis porque os trombadinhas vão fazer arrastão em tudo quanto é lugar”; “eles vão ser passados para trás, porque brasileiro só sabe tirar vantagem”. Era só isso o que a gente ouvia, antes de começar a Copa. E, confessamos, até imaginávamos que poderia ser assim, porque sabemos que o “jeitinho brasileiro” nem sempre é um elogio.
Mas, o que se viu, leu e ouviu por aí foi bem diferente. Os torcedores estão voltando para seus países encantados com o povo brasileiro, gente de sorriso fácil, gestos largos e coração generoso, que soube receber bem, que protagonizou momentos inesquecíveis de congraçamento e união com pessoas de todos as raças, credos, culturas e ideologias. Foi, sim, a Copa da tolerância, da mistura, da amizade. Precisamos festejar a nossa vitória sobre o pessimismo, fora dos gramados. O brasileiro merece pelo menos essa alegria.