E por que José Dirceu foi preso preventivamente, se via de regra esse tipo de solução de força é tomada contra quem tenta eliminar provas, ameaçar testemunhas e tumultuar um processo? O juiz Sérgio Moro afirma que a reiteração do ato criminoso por parte do ex-ministro pode prejudicar a Justiça.

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– A medida drástica está sendo decretada com base na presença para prevenir reiteração delitiva e interferências na colheita das provas. É necessária para proteção da ordem pública, já que o esquema criminoso sequer se restringiu à Petrobras.

O magistrado ressalta que o início da Operação Lava-Jato, ao que as investigações indicam, não parou o esquema de coleta de propinas por parte da JD Consultoria (a firma de Dirceu). Ela continuou recebendo pagamento entre 2012 e 2014 (com Dirceu preso), sendo que da empreiteira UTC até outubro de 2014. “Quando a corrupção é sistêmica e profunda, impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de agravamento progressivo do quadro criminoso. Se os custos do enfrentamento hoje são grandes, certamente serão maiores no futuro”, assinala o juiz, na ordem de prisão, que tem 33 páginas.

Sérgio Moro também ressalta o fato de as consultorias não terem parado, mesmo quando Dirceu estava por ser preso e após ser preso:

– A realização dos pagamentos após 17/12/2012 é mais um indicativo de que os pagamentos não consistiam em contrapartida à consultoria ou à intermediação de negócios reais, mas sim a acertos de propinas pendentes por contratos das empreiteiras com a Petrobrás, como admitiu, expressamente, Milton Pascowitch em relação aos contratos da Engevix.

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A menção é a um dos principais delatores do processo. Dois colaboradores embasaram a decisão do juiz em prender Dirceu. Um é Julio Camargo, lobista que trabalhou para a empreiteira Toyo-Settal. O outro é Milton Pascowitch, que intermediou pagamentos da Engevix à Diretoria de Serviços da Petrobras, comandada por Renato Duque – indicado por Dirceu para o cargo.

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