A prisão do tesoureiro o PT, João Vaccari Neto, não teria sido surpresa para o Palácio o Planalto, mas, obviamente, foi considerada ruim.

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– É mais uma pedra nessa escadaria de desgaste que atinge o PT e que, de alguma maneira, tem algum tipo de reflexo no governo, que é do partido – disse um dos interlocutores da presidente Dilma Rousseff ao jornal O Estado de São Paulo.

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No entanto, segundo esse interlocutor, não há preocupação de que as arrecadações feitas pelo PT nos últimos anos possam trazer implicações negativas ao governo ou que se tente fazer qualquer associação com doações de campanha em 2010 ou 2014, sob a justificativa de que elas passavam por canais diferentes. Ele lembrou que, em 2010, quem cuidava da arrecadação para a campanha de Dilma era José Filippi Júnior e, em 2014, Edinho Silva, nomeado recentemente ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.

– Não tem qualquer possibilidade disso (problemas para a presidente) – insistiu o interlocutor acrescentando que “não há como fazer associação entre as arrecadações do partido e as da campanha da presidenta”.

De acordo com essas avaliações internas, a notícia da prisão de Vaccari, neste momento de instabilidade política, em que o governo precisa aprovar medidas importantes no Congresso, como ajuste fiscal, “não é boa”, “colabora com este clima instável” e é “mais um problema”. Mas o governo tenta demonstrar total distanciamento dessas questões que são consideradas “embaraçosas”, de qualquer forma.

Assessores da presidente também não acreditam que a prisão de Vaccari possa representar problemas diretamente para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Reconhecem, no entanto, que Lula, como principal figura do partido, acaba sendo contaminado e assimila um pouco desse desgaste que o partido está sofrendo.

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Petistas na Câmara já defendem saída de Vaccari da tesouraria do partido

Parlamentares da bancada do PT na Câmara dos Deputados avaliam que há uma “espetacularização” da ações do juiz Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava-Jato em Curitiba (PR), mas que ainda assim o sentimento geral é o de que Vaccari deve deixar sua função no PT.

– A avaliação geral é a de que ele tem de sair imediatamente – disse um dirigente petista que participa de encontro de governadores do Nordeste com a bancada nordestina.

Na quinta-feira, a Executiva Nacional do PT se reunirá em São Paulo e a prisão do tesoureiro deverá ser um dos temas principais do encontro.

Na Câmara, os líderes avaliam que aumentará a pressão para a saída de Vaccari da Secretaria de Finanças da sigla.

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– A prisão muda qualitativamente a situação dele. É um cenário novo que levará o diretório a tomar uma decisão – disse o vice-líder da bancada do PT na Casa, Afonso Florence (BA).

O parlamentar, que também integra a CPI da Petrobras, disse estar convencido da inocência de Vaccari e considera que alguns presos da Operação Lava-Jato podem ter sido vítimas de excessos na investigação.

– Quem tem de explicar a prisão de Vaccari é o juiz que determinou sua prisão – comentou.