O chefe de polícia do Rio Grande do Sul, Fernando Sodré, negou que a prisão do influenciador Nego Di possua relação com um inquérito que investiga irregularidades durante as enchentes no estado. Na época, a Justiça determinou que o humorista apagasse publicações com fake news sobre a situação a tragédia. As informações são do g1.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Essa hipótese de relação entre as investigações e a prisão de Dilson ganhou força, mas foi desmentida. O delegado Fernando Sodré disse que Nego Di foi preso por suspeita de estelionato, por conta de golpes aplicados contra clientes, o que teria causado um prejuízo de R$ 5 milhões.

O inquérito que resultou na prisão foi aberto em 2022 e remetido para a Justiça em 2023, ainda antes das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Sodré explicou os detalhes em entrevista à Rádio Gaúcha, do Grupo RBS, nesta segunda-feira (15).

— Nem tinha uma enchente ainda, não tínhamos nada. Até existem investigações do período da enchente que estão sendo apuradas no Departamento Estadual de Investigações Criminais, mas que até agora não tem nada a ver com esse fato — disse.

Continua depois da publicidade

Em sua conta no X, o antigo Twitter, Nego Di havia se manifestado ainda antes da prisão. “Estávamos preparados para o que aconteceu ontem [sexta]. Nós sabíamos que iria acontecer mais cedo ou mais tarde, e todo mundo sabe o porquê do que aconteceu ontem”, escreveu.

A prisão de Nego Di também não te relação com a operação do Ministério Público do RS, que ocorreu na sexta-feira (12), na qual ele é suspeito de lavagem de dinheiro obtido em rifas virtuais.

— O nosso inquérito foi remetido para a Justiça em 2023, nem tinha enchente, não tinha crítica ao governo, não tinha nada disso — destacou o delegado Fernando Sodré.

Nego Di foi preso preventivamente no domingo (14) em Florianópolis e transferido no mesmo dia para Porto Alegre, e depois para a Penitenciária de Canoas, na Região Metropolitana.

Continua depois da publicidade

A defesa de Nego Di diz que está tomando as medidas legais cabíveis. “Destacamos a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário”, disseram os advogados Hernani Fortini, Jefferson Billo da Silva, Flora Volcato e Clementina Ana Dalapicula.

Nego Di é sócio de loja virtual que não entregava produtos

A suspeita é que Nego Di tenha lesado ao menos 370 pessoas através da loja virtual da qual é sócio. A loja tem acusações de vender os produtos, mas não entregá-los, de acordo com a Polícia Civil.

Pelas investigações, as contas bancárias ligadas ao influenciador movimentaram cerca de R$ 5 milhões na época, em 2022. O sócio de Nego Di, Anderson Boneti, também teve a prisão preventiva decretada pela Justiça no ano passado.

Ele foi preso na Paraíba em fevereiro de 2023, e solto dias depois. A loja virtual operou entre 18 de março e 26 de julho de 2022, data em que a Justiça determinou que ela fosse retirada do ar.

Continua depois da publicidade

O site vendia itens como aparelhos de ar condicionado e televisores, muitos com preços abaixo do mercado. Seguidores, atraídos pelos baixos preços, compraram os produtos, mas nunca receberam. De acordo com as investigações, não havia estoque, mas Nego Di enganava os clientes, dizendo que as entregas seriam feitas.

A Polícia Civil teria tentado intimar Nego Di para depor, mas ele nunca foi encontrado. Os prejuízos contra os clientes são estimados em R$ 330 mil, mas como as movimentações bancárias são milionárias, a suspeita que mais vítimas tenham sido lesadas e não procuraram a polícia para representar contra o influenciador.

Investigação por lavagem de dinheiro

Na sexta (12), Nego Di e a companheira, Gabriela Sousa, já haviam sido alvos de outra operação, desta vez por suspeita de lavagem de dinheiro. O casal teria arrecadado cerca de R$ 2 milhões promovendo rifas ilegais e outras possíveis fraudes nas redes sociais.

Na ação, que ocorreu no bairro Jurerê Internacional, em Florianópolis, foram apreendidos dois carros de luxo e munição, além da arma de uso restrito das Forças Armadas, sem registro. A mulher foi presa por porte de arma. Ela foi solta no sábado (13) após pagar fiança de R$ 14 mil.

Continua depois da publicidade

Nota da defesa de Nego Di

“Em relação aos recentes acontecimentos envolvendo o humorista Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, gostaríamos de esclarecer que estamos tomando todas as medidas legais cabíveis.

Destacamos a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário. O devido processo legal deve ser rigorosamente observado, garantindo que o acusado tenha uma defesa plena e justa, sem qualquer tipo de pré-julgamento.

Pedimos à mídia e ao público que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso, uma vez que a ampla exposição de fatos ainda não comprovados pode causar danos irreparáveis à imagem e à carreira de Nego Di.

Qualquer divulgação precipitada pode resultar em uma condenação prévia injusta, prejudicando sua honra e dignidade.”

Continua depois da publicidade

Veja fotos da operação contra Nego Di e esposa na sexta

Leia também

Sócio de Nego Di já tinha sido preso em 2022 pelo crime de estelionato na Paraíba

Vítimas de Nego Di relatam prejuízos de R$ 30 mil e promessas de reparação não cumpridas