Na casa de Maria Espíndola, no bairro Itoupavazinha, em Blumenau, o drama é sempre o mesmo: todo mês ela enfrenta episódios em que se depara com as torneiras secas, sem uma gota sequer. Apesar de depender do abastecimento direto na rede, a moradora da Rua Botuverá garante que até quem tem caixa d’água nos imóveis passa por problema semelhante. Não à toa, um dos pedidos mais repetidos pelo blumenauense é que o plano de saneamento básico da cidade seja de fato cumprido.

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A resposta foi colhida no levantamento feito pelo SC Ainda Melhor, projeto da NSC que tem como objetivo estimular o público a decidir os assuntos que devem ser prioridade nos municípios. A ferramenta serve de guia neste período das eleições. Em Blumenau, quando se fala em saneamento básico, as reivindicações passam pelo que dona Maria sente na pele cotidianamente:

— Eu moro há 35 anos aqui, eu nunca posso dizer “esse mês não faltou água nenhum dia”. Isso aí é difícil, não tem, não existe, sempre falta — lamenta.

A moradora já se viu sem água na residência em um dia que deu uma festa de aniversário, quando voltou cansada do trabalho, durante a lavação de roupas e no alto verão. Desafio para ela, outros tantos blumenauenses e para a gestão pública.

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Na cidade de 380 mil habitantes, a falta d’água não é a única demanda do saneamento básico, que engloba o tratamento de esgoto, limpeza urbana, coleta e destinação correta do lixo e até a drenagem e manejo da água da chuva, explica Rodrigo Catafesta, assessor interino de saneamento e meio ambiente da Amve, a Associação de Municípios do Vale Europeu.

— Quando a gente investe em saneamento, a gente está investindo na saúde da população, na qualidade de vida das pessoas e até no desenvolvimento das cidades — opina.

O ideal é que os municípios façam a revisão do plano de saneamento no período de quatro a dez anos. O documento é uma importante ferramenta de gestão, que traz o planejamento para conseguir acompanhar o crescimento da população e o desenvolvimento das cidades.

O resíduo que é coletado em Blumenau é encaminhado para um aterro sanitário em Brusque. Já na coleta seletiva, os materiais recicláveis são divididos entre a empresa de triagem e as cooperativas de reciclagem. Já em relação ao esgoto, 22 dos 35 bairros têm esse tipo de atendimento com disponibilidade para 180 mil pessoas. Isso representa 49% de cobertura de coleta.

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As sugestões do SC Ainda Melhor

Saneamento Básico em Blumenau

  • Participação de Blumenau no consórcio da Associação dos Municípios do Vale Europeu (Amve) para inclusão do aterro sanitário regionalizado.
  • Liderar diálogo com a iniciativa privada para viabilizar projetos que possam impactar os indicadores de saneamento, principalmente quanto à universalização da rede de esgoto.
  • Transparência na divulgação de dados de saneamento básico por região e bairro, possibilitando o mapeamento para futuros projetos.
  • Implantar e fomentar programas de apoio à instalação e operação de sistemas individuais de tratamento de esgoto, principalmente em áreas vulneráveis.
  • Construir muros de contenção às margens dos rios em trechos críticos.
  • Garantir o corpo técnico no Samae para que o plano de saneamento básico existente seja, de fato, cumprido

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