Ao colocar os pés cobertos por uma sapatilha de plástico branco na areia, os olhos negros da argentina Lourdes Heredia se iluminaram. Os babados do maiô balançavam de lá pra cá com os passos frenéticos da menina e as gargalhadas dela se misturavam ao barulho do mar.
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A festa espontânea era para comemorar o primeiro encontro com a praia. Aos 12 meses, a pequena saiu da cidade argentina de Chaco com a mãe, a estudante Bárbara Gutierrez, 26 anos, e o avô para passar um mês em Capão da Canoa, no Litoral Norte. As férias eram também a estreia do veraneio em família.
– Não sabíamos o que esperar dela, e decidimos fazer a adaptação lentamente – explica a mamãe.
Com uma pazinha na mão, Lourdes tentava cavar buracos, jogava areia pra cima, corria e deixava a mãe de olhos atentos. No colo, o bebê pediu para chegar perto da água. Ouviu o estrondo das ondas e se assustou. Preferiu ficar agarrada aos cabelos de Bárbara do que tentar colocar o pé na água.
– O barulho e as ondas podem assustar as crianças no início. Os pais precisam respeitar o medo do filho, porque, aos poucos, ele vai se acostumando e experimentando novas sensações – explica o pediatra Benjamin Roitman.
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E foi devagar que Lourdes foi conhecendo novas sensações. No dia ensolarado, chegou à praia no início da manhã para aproveitar os primeiros raios de sol na pele protegida por bloqueador solar. Perto das 11h, foi enrolada em uma toalha, ganhou uma mamadeira com suco e uma bolacha para roer. Em casa, feliz com o passeio, tomou banho, vestiu a fralda, almoçou e não resistiu ao soninho após a refeição – afinal, no fim da tarde, deveria estar bem disposta para uma nova ida à orla.
– Na hora de ir à praia, os pais devem ser um pouco radicais. A rotina deve ter um horário padrão, e o momento à beira mar deve ser divertido. Se for estressante, a criança não vai mais querer ir à praia – afirma João Carlos Batista Santana, intensivista pediátrico.
Aceite os limites do bebê
::: Para quem planeja veranear com o bebê, o recomendado é que os menores de seis meses não frequentem a praia devido ao clima e ao sol. Além disso, a maioria dos protetores solares não é adequada para crianças com menos de um semestre de vida.
::: Antes de sair de casa, passe na criança bloqueador solar com, no mínimo, fator de proteção 30. O produto deve ser passado a cada duas horas e entre as idas e vindas na água.
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::: Um veraneio com bebês exige que os pais programem a rotina. As idas à praia devem ser evitadas entre 9h e 17h. Crianças maiores podem aproveitar a orla até as 11h e retornar após as 16h30min.
::: É normal que as crianças se assustem com o barulho do mar, com as ondas e com a temperatura da água. Os pais precisam respeitar os limites do bebê e nunca forçar banhos ou atividades que os pequenos não queiram.
::: Após o contato com a água salgada, dê um banho de água doce na criança e troque a fralda para evitar assaduras.
::: Por colocar tudo na boca, o bebê pode comer areia. Além de vigiá-lo, os pais podem conversar com o pediatra para saber se a criança deve tomar um vermífugo após o veraneio.
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::: Coloque na bolsa de praia água, sucos e alimentos que não estraguem, como frutas secas ou frescas, para a hora do lanche.
Fontes: Benjamin Roitman, pediatra, e João Carlos Batista Santana, intensivista pediátrico.