Encravada em um dos morros da divisa entre Jaraguá do Sul, Schroeder e Guaramirim, no Vale do Itapocu, uma estrutura tubular metálica com mais de dez metros de comprimento e quase 20 de diâmetro avança para dentro do morro. Longe dos olhos dos motoristas que passam lá embaixo e dos moradores das ruas que sobem morro acima, homens e máquinas entram e saem do enorme buraco que, em alguns meses, será o primeiro túnel da BR-280 duplicada, sonho de toda a região Norte há pelo menos duas décadas.
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Só é possível ver o túnel no meio da vegetação fechada subindo o morro íngreme. Carros chegam somente até onde há casas. Caminhões, só especiais e com autorização da Cetenco, empresa paulista que está fazendo a obra, ou do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
A região é conhecida como Vieira ou Morro da Vieira. Nele serão cavados dois túneis paralelos com pouco mais de um quilômetro de comprimento – praticamente o mesmo tamanho do túnel do Morro do Boi, na BR-101.
A duplicação do trecho 2.2 da BR-280, entre Guaramirim e a zona urbana de Jaraguá do Sul, será diferente dos outros trechos. Em vez de pavimentar uma rodovia ao lado da atual, usando praticamente o mesmo traçado, uma nova estrada será aberta no meio da vegetação fechada e dos morros e das zonas rurais de Guaramirim, Schroeder e Jaraguá do Sul – mais ou menos como ocorre na serra da BR-376, entre Joinville e Curitiba, onde a rodovia se separa.
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O projeto prevê, além das pistas duplas, uma série de equipamentos fundamentais, como acostamentos, passeios para pedestres, áreas para ciclistas e retornos. Nos túneis, serão construídas passagens de emergência.
Trabalho começou em julho
Por enquanto, só um dos lados do morro está em obras. O trabalho começou em julho, mas as equipes ainda não chegaram na rocha. O que se vê é a escavação e retirada de terra e a construção da estrutura vai sustentar o túnel propriamente dito, numa próxima fase da obra.
Até agora, foram realizadas três detonações de rocha, monitoradas pelo DNIT e pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Segundo o DNIT, no ano que vem devem ser instalados pelo menos cinco canteiros de obras para os túneis, o transporte do material e a construção da nova via. Por enquanto, quem mora ou trafega pelo local vê caminhões passanto a todo momento, transportando areia, terra, pedras e todo tipo de material de construção, especialmente tubos e ferragens.
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A Cetenco e a Sulcatarinense, empresas que estão tocando as obras nos dois trechos entre a BR-101 e Jaraguá do Sul, não falam oficialmente com a imprensa sobre os trabalhos e o cronograma.
Desapropriações ainda são um entrave
Embora esteja mais avançada, a duplicação dos 23 quilômetros do trecho 2.2 da BR-280 (entre os km 50,7, em Guaramirim, e o 74,6, na zona urbana de Jaraguá do Sul) ainda depende da desapropriação de imóveis e autorizações ambientais de trechos específicos. A obra deve custar R$ 530 milhões. Já foram realizadas pelo menos duas reuniões com os proprietários de imóveis e terras que serão afetados pela duplicação.
A previsão é de que seja realizado um mutirão de desapropriações em dezembro, com a participação do Judiciário, dos proprietários das áreas, do DNIT e da Procuradoria-geral da União. A ideia é agilizar os processos com acordos homologados ainda este ano.
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Para dar conta de concluir toda a duplicação até junho de 2017, a empresa e o DNIT pretendem avançar nos trechos onde estiver tudo liberado para a realização das obras.
Lideranças locais comemoram avanço
As lideranças de Jaraguá do Sul e região estão satisfeitas com o andamento das obras de duplicação do lote 2.2 da BR-280. O prefeito de Guaramirim, Lauro Fröhlich, conta que tem acompanhado as obras e tem mantido contato com as empresas responsáveis pelo trabalho.
– Já fizemos reuniões para detalhamento das obras e fizemos uma solicitação para o acompanhamento. Na verdade, estamos monitorando, pois esta é uma obra extremamente importante – conta.
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Em sua avaliação, a duplicação facilitará a mobilidade e atrairá investimentos, com a migração de empresas que hoje se fixam às margens da BR-101 para a BR-280. Para o prefeito, que aposta no crescimento da arrecadação municipal, a vinda de novos negócios para a cidade é uma forma de concretização do crescimento e equilíbrio das contas da cidade.
Já em Jaraguá do Sul, são os fatores de mobilidade interna que mais chamam atenção. O presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs), Paulo Mattos, destaca que desviar o trânsito pesado das regiões centrais da cidade devolverá tranquilidade à locomoção dos moradores.
– Fizemos uma verificação in loco e observamos que o trecho está caminhando.
Estamos bem esperançosos de que a obra possa seguir em seu ritmo normal.
O prefeito de Jaraguá do Sul, Dieter Janssen, tem a mesma opinião. Além de apostar no desafogamento do trânsito dentro da cidade, ele ressalta a maior segurança que a própria BR-280 terá com a pista dupla.
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– Agora torcemos para que o trecho 1, entre a BR-101 e São Francisco do Sul, seja regularizado – diz Janssen.
O andamento dos trabalhos
Lote 1 – entre o porto de São Francisco do Sul e a BR-101: km 0 ao 36,7
É o mais atrasado. Depois de eliminar a Técnica Construções, o DNIT habilitou a Construcap. Mas até agora não foi assinada a ordem de serviço.
Lote 2.1 – entre a BR-101 e o trevo de acesso à Rodovia do Arroz, em Guaramirim: km 36,7 ao 50,7
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As obras neste trecho ainda continuam na fase de terraplenagem. A empresa responsável pelos trabalhos é a Sulcatarinense.
Lote 2.2 – Entre o trevo de acesso à rodovia do Arroz e a zona urbana de Jaraguá: km 50,7 ao 74,6
Embora esteja mais avançada, as obras ainda dependem da desapropriação de imóveis e autorizações ambientais de trechos específicos.
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