Às vésperas da sessão da Câmara que irá decidir o futuro de Michel Temer, se ele será ou não investigado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva, aliados do governo estão confiantes que conseguirão quórum na quarta-feira (342 deputados em plenário para começar a votação). As articulações do final de semana, desde reuniões até ligações para os indecisos, surtiram o efeito esperado, de acordo com governistas, que também contam com o engavetamento da denúncia. Do outro lado do ringue, a oposição não consegue se organizar e definir uma tática, se vai trabalhar para obstruir – impedindo que a sessão comece – ou se irá usar o tempo em plenário para criticar Temer e tentar arrancar votos dos indecisos.

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– Estamos como aqueles técnicos de futebol que escondem o jogo e só escalam o time no vestiário. Mas segue o empate: ainda não temos os 342 para autorizar a investigação e eles também não os têm para sepultá-la, afirma à coluna o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), duvidando do quórum.

Para esquentar ainda mais o embate, a reportagem da Revista Época traz documentos da JBS mostrando que foram distribuídos R$ 1,1 bilhão em propinas. Desse valor, R$ 21,7 milhões teriam sido repassados a pedido de Temer para políticos aliados e amigos. Só não dá pra esquecer que a mesma matéria traz outros partidos envolvidos, como PT.

A SETE CHAVES

Apesar de ser do conhecimento de todos que o governo trabalha com planilhas de votação, mapeando os indecisos e em busca de votos, o assunto é tratado com discrição por aliados. As famosas planilhas não são nem compartilhadas por e-mail. Na hora de analisá-las um pen-drive vermelho é sacado do bolso de um escudeiro de Temer e plugado no computador.

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Ao longo do recesso, deputados da base foram bombardeados com mensagens das realizações do governo Temer. Quase que diários, os textos mostravam a queda dos juros, as vantagens da nova taxa para financiamentos do BNDES e, até, a sanção da lei que regularizou a emissão dos passaportes.

ESTEIO

O governador José Ivo Sartori aproveitou evento em Brasília para distribuir convites para a Expointer. O presidente Michel Temer recebeu um, mas a agenda pode colidir com reunião do Brics, que será realizada na China no mesmo período. O governador catarinense Raimundo Colombo também foi convidado e confirmou presença.