O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, deseja obter um terceiro mandato como líder do Partido Liberal Democrático (PLD) nas eleições internas de quinta-feira, o que o aproximaria de seu grande sonho: reformar a Constituição.
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As eleições não são nada simples, já que o líder do partido com maioria na Câmara Baixa do Parlamento nipônico é a pessoa que ocupa o cargo de chefe de Governo.
Em 2015, e sem enfrentar um rival, Abe foi reeleito líder do partido de direita para um mandato de três anos.
Em tese, este segundo mandato, que termina este mês, deveria ter sido o seu último, mas o PLD aprovou uma série de reformas que permitiram a Abe disputar novamente o cargo.
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Seu único rival é o ex-ministro da Defesa Shigeru Ishiba, mas as pesquisas apontam o grande favoritismo do primeiro-ministro.
Embora o partido tenha diversas alas, uma grande maioria é fiel à liderança de Abe.
“A questão não é saber se Shinzo Abe vai perder ou ganhar, e sim saber a forma como vai ganhar”, afirmou Yu Uchiyama, da Universidade de Tóquio.
“Se a vitória não for esmagadora, Abe poderia ver um declínio em seu poder”, explicou.
– À sombra dos escândalos –
Em caso de vitória, Abe mostrará que conseguiu deixar em segundo plano os escândalos e acusações de favorecimento dentro de sua administração, que dominaram as manchetes e os debates durante a campanha.
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A popularidade do primeiro-ministro nipônico, que reconheceu o impacto dos escândalos na confiança em seu governo, foi abalada.
Mas a fragilidade dos partidos de oposição permite que o político veterano tenha a possibilidade de superar as dificuldades e mantenha a possibilidade de bater o recorde de longevidade no poder, caso permaneça à frente do governo até 2021.
“A situação atual é um grave problema para a democracia. O desafio é saber como reativar tanto o debate como a competição política”, destaca Uchiyama.
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– “A única maneira possível” –
Abe e seu atual oponente, Ishiba, concordam sobre os principais desafios do Japão: a persistência da deflação, a gigantesca desigualdade entre ricos e pobres, a baixa taxa de natalidade, a Previdência Social, as condições de trabalhos das mulheres, a prevenção de desastres e a reforma da Constituição.
Mas os dois candidatos discordam sobre as causas dos problemas e suas possíveis soluções.
Com este novo mandato de três anos, Abe espera finalmente concretizar o objetivo político que almeja há décadas: reformar a Constituição pacifista imposta pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo, Ishiba acredita que o crescimento econômico do Japão exige a reativação de suas diferentes regiões.
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Mas o atual primeiro-ministro promete prosseguir com o que considera “a única maneira possível”, o chamado “abenomics”, apesar de sua estratégia não ter apresentado os resultados prometidos.
“Poderia fazer mais, porém, se levarmos em consideração que é um político conservador, não é tão ruim. Se mostra relativamente progressista e favorável a aumentar o papel das mulheres na economia”, declarou Robert Dujarric, diretor do Instituto de Estudos Asiáticos da Universidade Temple de Tóquio.
Dujarric atribui a Abe o mérito de “tentar conter, de maneira muito ativa, a brecha no sistema internacional criada pela política de Donald Trump”, especialmente nas negociações de livre comércio.
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* AFP